Em um grupo de 42 países, o Brasil registrou a segunda menor média anual de investimento público, 1,92% do PIB, entre 2000 e 2017, perdendo apenas para a Costa Rica (1,87% do PIB). No período, a média anual dos países foi de 3,51% do PIB, sendo que a da Rússia foi de 3,9% do PIB, a da Turquia chegou a 3,38% do PIB e a da África do Sul alcançou 2,95% do PIB.
Os resultados foram compilados pelo Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), com base nos dados da Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Foram levados em consideração os gastos da União, estados e municípios, excetuando as despesas das estatais.
Para o coordenador do Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV, Manoel Pires, “as estatísticas do Tesouro mostram que o investimento realizado pelo governo brasileiro não tem sido suficiente para repor a depreciação do estoque de capital”.
Conforme Pires, está em curso nos últimos anos um processo de redução do estoque de capital público. “Não é à toa que estamos observando desabamento de estruturas públicas como pontes e viadutos em algumas grandes cidades do país”, disse. “Os problemas causados pelas enchentes também têm causado perdas de vidas, congestionamentos e muitos transtornos na vida dos brasileiros”, acrescentou.
A redução de investimento público se acentuou a partir de 2014, com a política recessiva de Dilma, culminado com a PEC da Morte e Temer, que e congelou os investimentos por 20 anos, exceto os gastos com juros. No ano passado, os governos federal e regionais investiram o equivalente a 1,16% do PIB, o menor nível em 70 anos (desde o início da série em 1947), segundo dados da Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado. Em 2017, a média do investimento público nos 42 países da amostra da OCDE ficou em 3,27% do PIB, mais de 2 pontos percentuais acima do investimento feito pelo Brasil.
A combinação de redução de investimento público com juros siderais e desnacionalização/desindustrialização levou o pais à maior recessão de sua história.