O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou nesta terça-feira (27), após encontro com o genro e conselheiro do presidente americano Donald Trump, Jared Kushner, que a intenção do governo de seu pai é mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
“Não se sabe ao certo a data, quando ocorre, mas temos a intenção”, confirmou o deputado, quando questionado por jornalistas sobre a mudança. “A questão não é perguntar se vai, é perguntar quando vai”, disse.
A mudança para Jerusalém foi condenada pela ONU – tanto a Assembleia Geral quanto pelo Conselho de Segurança – pois é uma transgressão das leis internacionais, em especial das resoluções da própria ONU (v. ONU derrota posição de Trump sobre Jerusalém por 128 a 9 e Por 14×1, ONU reprova no CS Jerusalém ser capital de Israel).
Jerusalém é território ocupado ilegalmente por Israel – o que sempre foi reconhecido pelo Brasil.
O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por Trump, em dezembro de 2017, foi criticado pela União Europeia e por países árabes porque rompe com o consenso internacional de não reconhecer a cidade como capital da Palestina ou de Israel até que um acordo de paz seja firmado entre as duas partes.
No dia da inauguração da embaixada americana, em maio deste ano, confrontos na fronteira com a Faixa de Gaza durante protestos deixaram mais de 50 palestinos mortos.
Recentemente, o Egito cancelou a visita de uma delegação brasileira àquele país, em consequência da afirmação de Bolsonaro de que mudaria a capital para Jerusalém. O Brasil é um país exportador de proteína animal para os países árabes e poderia sofrer restrições comerciais em caso de mudança da embaixada em Israel.
A única razão porque os Bolsonaros querem essa transferência da embaixada é sua submissão aos EUA – e a Israel.
O Brasil, ao seguir Trump, faria companhia a um único outro país, a Guatemala.
Eduardo Bolsonaro falou aos jornalistas, portando um boné da campanha para a reeleição de Trump em 2020. Pediu para ser fotografado e filmado com a peça.
Na década de 40 do século passado, quando o deputado Otávio Mangabeira, da UDN, beijou a mão do general norte-americano Dwight Eisenhower (depois presidente dos EUA), o gesto foi condenado como demonstração inaceitável de subserviência.
Eduardo Bolsonaro, que não é um deputado qualquer, mas o filho do futuro presidente, no entanto, superou Mangabeira, com o boné de Trump na cabeça.
Também, pudera. Com o exemplo do pai, fazendo continência para a bandeira americana… (v. Bolsonaro diz que ideologia é mais grave que corrupção).
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