Em acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o marqueteiro Renato Pereira afirma que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, o ex-prefeito Eduardo Paes, o ex-candidato a prefeito e deputado federal Pedro Paulo e o ex-governador Sérgio Cabral (todos do PMDB) participaram diretamente da negociação de propina de suas respectivas campanhas políticas feitas entre 2010 e 2016.
Segundo Pereira, Cabral declarou ter recebido R$ 6,3 milhões, mas recebeu R$ 12 milhões. Paes declarou R$ 8,6 milhões, mas na verdade angariou R$ 20 milhões. Pezão declarou R$ 21,8 milhões, e recebeu R$ 40 milhões. Pedro Paulo cometeu o roubo mais tímido, declarou R$ 7,1 milhões, mas levou R$ 9,3 milhões.
De acordo com o delator a agência com que ele se estabeleceu no mercado, a Prole Serviços de Propaganda, influenciou contratos de publicidade de governos no Rio nos últimos dez anos. As contas foram direcionadas para a própria Prole ou a empresas sugeridas por ela — que, com isso, eram obrigadas a compartilhar uma parte dos lucros. Segundo o delator, o irmão de Sérgio Cabral, o publicitário Maurício Cabral, também tinha participação nos resultados dos contratos influenciados pela Prole.
Pereira descreveu a mesma rotina com todos os candidatos do PMDB para os quais trabalhou. Ele ou seus sócios recebiam malas ou sacolas de dinheiro pessoalmente, entregues por emissários dos políticos do partido ou repassados por representantes de empresas fornecedoras dos governos estadual e municipal, entre eles as construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht, além de empresas de transporte de Jacob Barata.
Pereira foi ouvido em audiência do gabinete do ministro Lewandowski em 4 de outubro. Pelos crimes confessados à PGR, o delator vai pagar multa de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. Sua colaboração vinha sendo negociada desde o ano passado pela PGR e foi uma das últimas assinadas pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de deixar o mandato.