Preso na manhã de quinta-feira (29) na “Operação Boca de Lobo”, da Polícia Federal (PF), o governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), em seu primeiro depoimento negou que tenha recebido propina e usado dinheiro ilícito para pagar despesas pessoais.
Pezão afirmou à Polícia Federal que não participava da arrecadação de recursos para a campanha que o elegeu governador em 2014. Segundo ele, quem executou a tarefa foi Sergio Cabral, ex-governador e o ex-secretário de Obras Hudson Braga.
O depoimento, acompanhado pelo advogado do governador, Flávio Mirza, na sede da PF na Praça Mauá, durou cerca de três horas. Mirza disse que Pezão, se quisesse, tinha o direito constitucional de permanecer calado. Mas optou por falar, de acordo com o advogado, por entender que “nada tem a esconder”.
Na investigação, os procuradores fazem ligação do governador com empresários responsáveis pela instalação de placas de energia solar do Arco Metropolitano. Elas custaram ao governo do estado R$ 96,7 milhões, o que corresponde a mais de R$ 22 mil por unidade. Miranda disse ainda que recebeu ordem de Cabral para pagar R$ 300 mil à empresa High End, especializada em painéis solares, como remuneração por serviços prestados na casa de Pezão em Piraí.
Carlos Emanuel Carvalho Miranda, ex-operador da propina de Sérgio Cabral, sustenta que, além de uma mesada de R$ 150 mil, paga pelo ex-governador entre 2007 e 2014, 13º salário e dois bônus, cada um no valor de R$ 1 milhão, Pezão também teria recebido como regalo o home theater, instalado em sua casa de Piraí e bancado pela High Control.
O governador admitiu ser amigo dos empreiteiros Cláudio Fernandes Vidal e Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócios da J.R.O Pavimentação, também presos. De acordo com Miranda, Pezão teria recebido R$ 1 milhão em propina dos dois.
A procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou, nesta quinta-feira, que a prisão preventiva do governador do Rio tem o objetivo de localizar a propina recebida e ocultada por ele ao menos entre 2007 e 2015 e que há suspeitas de que o emedebista continua praticando o crime de lavagem de dinheiro desses recursos ilícitos. Os investigadores também apontaram que Pezão continuou recebendo propina mesmo depois de ter assumido o governo do Rio e que estão rastreando a possibilidade de existência de dinheiro no exterior ligado a ele.
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