A reforma agrária, no governo Bolsonaro, ficará sob a responsabilidade de Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR), notória milícia latifundiária cujo objetivo é combater a reforma agrária – e os trabalhadores rurais que não se submetem ao latifúndio e à grilagem.
Nabhan Garcia foi anunciado para a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários. Segundo fontes bolsonaristas, ele “criou uma confusão” para ser ministro da Agricultura, mas Bolsonaro preferiu a deputada Tereza Cristina (Dem-MS), a “musa do veneno” (v. Agrotóxicos terão mais espaço, diz Musa do veneno).
Porém, como prêmio por sua assessoria a Bolsonaro, recebeu a chefia do departamento que cuidará da reforma agrária.
Durante a campanha eleitoral, Nabhan defendeu o aumento do desmatamento na Amazônia e declarou que o Acordo de Paris, sobre as emissões de gás carbônico na atmosfera, “se fosse papel higiênico, serviria apenas para limpar a bunda”.
O Acordo de Paris foi assinado por 195 países em 2015. Um único país saiu do Acordo: os EUA, na administração Trump, em junho de 2017.
Segundo Nabhan Garcia, “está na hora de ser igual ao governo Trump. Ele pôs os Estados Unidos na linha, trouxe o progresso e o desenvolvimento de novo para os Estados Unidos e está cagando e andando para o Acordo de Paris”.
O secretário de “assuntos fundiários” de Bolsonaro é também um defensor de que o combate ao trabalho escravo é uma “perseguição ideológica” aos latifundiários (v. Cotado para Agricultura de Bolsonaro quer fim da punição para trabalho escravo).
Nabhan Garcia teve seu indiciamento pedido – por apropriação ilegal de terra pública, falso testemunho e ameaça – na CPI da Terra, em 2005, como chefe de uma milícia que, em 2003, apareceu em um programa de TV (foto ao lado), atuando no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, portando armas privativas das Forças Armadas.
Sobre o desmatamento da Amazônia, Nabhan defende a derrubada dos limites do atual Código Florestal, que considera “nocivo à nossa classe porque, quem tem uma propriedade, comprou uma propriedade na Amazônia, não pode abrir, porque 80% é reserva”.
Os planos de Nabhan para sua secretaria é transformá-la em um bastião da propriedade latifundiária.
Quanto às propriedades que já foram distribuídas nos programas de reforma agrária dos governos anteriores, ele considera que são “favelas rurais” e pretende “transformar as favelas rurais no Brasil em verdadeiras propriedades produtivas”.
C.L.