CAMILA SEVERO, de Madri
Gás lacrimogêneo, granadas de fumaça e canhões de jato de água, foi assim que as forças de segurança francesas dispersaram mais uma manifestação dos “Gilets Jaunes” (coletes amarelos) na Champs-Élysées, em Paris. Pelas primeiras – e incompletas – informações divulgadas pela polícia, mais de 100 pessoas foram presas nesta terceira semana de protestos. Muitas lojas amanheceram fechadas com tábuas de madeira.
Desde as 6 horas da manhã (horário local) os mais de 5.000 agentes destacados para coibir o ato faziam ronda no local. A polícia instalou barreiras, fez revistas e controle de identidade nas ruas que davam acesso à avenida, que recebeu mais de 6 mil manifestantes. Outras 1.500 pessoas se negaram a ser revistadas pela polícia concentraram-se no Arco do Triunfo.
No decorrer da manifestação na Champs-Elysées, um grupo de cerca de 150 pessoas tentou avançar sobre o cordão policial que dispersou a manifestação mediante dura repressão. Nas semanas anteriores também houve conflitos deixando centenas de feridos.
O levante espontâneo da população surgiu no dia 17 de novembro, contra o aumento de 23% no preço do diesel, que é o combustível mais utilizado na França, e da queda na renda da população com o aumento de impostos. A gota d’agua, foi quando o governo anunciou que a partir de 1º de janeiro de 2018 fará um novo aumento no preço: +6,5% no diesel e +2,9% na gasolina (que já teve alta de 15% nos últimos 12 meses).
Não é estranho, portanto, que os coletes amarelos tenham o apoio de 70% da população. Os anúncios feitos esta semana pelo presidente Emmanuel Macron, da criação de um dispositivo para limitar o impacto das taxas de combustível, bem como um “grande diálogo” (mas nada de concreto), não convenceram a população que voltou às ruas. Macron está na presidência francesa há apenas 18 meses, e foi eleito com a promessa de mudança profunda na política. Sua popularidade agora está mais baixa que a dos presidentes anteriores, tendo a aprovação de menos de um quarto da população.