Por ocasião da passagem do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, a Federação Árabe Palestina do Brasil, Fepal, conclamou, no dia 29, todos os brasileiros, em especial os que professam o cristianismo, a apoiarem a luta do povo palestino por seus direitos nacionais e humanos como o único caminho para a paz, a justiça com o fim do conflito entre israelenses e palestinos, conflito fomentado por uma ideologia colonialista a serviço dos interesses imperiais dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Neste sentido, a Fepal publicou a declaração conjunta dos líderes religiosos que atuam em Jerusalém, Michel Sabbah, patriarca Latino de Jerusalém; monsenhor Swerios Malki Mourad, arcebispo do Patriarcado sírio-ortodoxo de Jerusalém; monsenhor Riah Abu El-Assal, bispo da Igreja Episcopal de Jerusalém e do Oriente Médio; monsenhor Munib Younan, bispo da Igreja Evangélica Luterana na Jordânia e na Terra Santa.
É a chamada Carta de Jerusalém na qual estas lideranças, que incluem evangélicos, expressam a sua preocupação com o desvio dos reais princípios de justiça do cristianismo, manifestado pelo chamado ‘sionismo cristão”.
“O sionismo cristão é um movimento político teológico moderno que adota as posições ideológicas mais extremas do sionismo, em detrimento do estabelecimento de uma paz justa entre a Palestina e Israel. O programa sionista cristão oferece uma visão do mundo em que o Evangelho é identificado com a ideologia do império, do colonialismo e do militarismo. Em sua forma mais extrema, insiste em eventos apocalípticos que levam ao fim da história, e não à experiência real do amor a Cristo e à justiça”, afirmam os líderes cristãos de Jerusalém.
A Fepal, ressalta que a carta que agora divulgam foi publicada em 2006, mas nas atuais condições políticas do Brasil, é muito esclarecedora e se torna atual e urgente.
Publicamos a íntegra da Carta de Jeusalém:
“Bem-aventurados os que constroem a paz porque serão chamados filhos de Deus”.
Mateus (5: 9)
O sionismo cristão é um movimento político teológico moderno que adota as posições ideológicas mais extremas do sionismo, em detrimento do estabelecimento de uma paz justa entre a Palestina e Israel. O programa sionista cristão oferece uma visão do mundo em que o Evangelho é identificado com a ideologia do império, do colonialismo e do militarismo. Em sua forma mais extrema, insiste em eventos apocalípticos que levam ao fim da história, e não à experiência real do amor a Cristo e à justiça.
Nós categoricamente rejeitamos as doutrinas sionistas cristãs como falsos ensinamentos que corrompem a mensagem bíblica de paz, justiça e reconciliação.
Também rejeitamos a aliança contemporânea de líderes sionistas cristãos e organizações com elementos nos governos de Israel e dos Estados Unidos que atualmente tentam impor suas fronteiras desenhadas e projetos com fins preventivos unilaterais de dominação sobre a Palestina. Isso inevitavelmente leva a ciclos intermináveis de violência em detrimento da segurança dos povos do Oriente Médio e do resto do mundo.
Rejeitamos os ensinamentos do sionismo cristão que facilitem e apoiem essas políticas que pregam a exclusividade racial e a guerra perpétua em vez do evangelho universal do amor, redenção e reconciliação ensinado por Jesus Cristo. Em vez de condenar o mundo ao Armagedom, exortamos todos a se libertarem das ideologias do militarismo e da ocupação, para trabalhar pela salvação das nações!
Convocamos todos os cristãos de todas as Igrejas, em todos os continentes, a rezar pelos povos palestino e israelense, que sofrem tanto como vítimas da ocupação como do militarismo. Ações discriminatórias transformam a Palestina em uma série de guetos empobrecidos cercados por colônias exclusivamente israelenses. O estabelecimento de assentamentos ilegais e a construção do muro de separação em terras palestinas confiscadas reduz a viabilidade de um Estado palestino, assim como as possibilidades de paz e segurança em toda a região.
Nós chamamos todas as Igrejas que estão silenciosas para quebrar seu silêncio e falar de reconciliação com a justiça na Terra Santa. Por isso, nos comprometemos a seguir os seguintes princípios de forma alternativa:
Afirmamos que todas as pessoas foram criadas por Deus à sua imagem e semelhança. E eles têm o dever de honrar a dignidade de todo ser humano e de respeitar seus direitos inalienáveis.
Afirmamos que israelenses e palestinos podem viver juntos em um clima de paz, justiça e segurança.
Afirmamos que os palestinos são um povo único, muçulmano e cristão ao mesmo tempo.
Rejeitamos qualquer tentativa de subverter e fragmentar sua unidade. Pedimos a todas as pessoas do mundo que rejeitem a visão estreita do sionismo cristão e outras ideologias que privilegiam um povo em detrimento de outros.
Estamos comprometidos com a resistência não violenta como o meio mais eficaz de acabar com a ocupação ilegal, a fim de obter uma paz justa e duradoura.
Lançamos uma urgente advertência sobre o fato de que o sionismo cristão e seus aliados justificam a colonização, o apartheid e a construção de um império.
Deus pede que a justiça seja feita. Paz, segurança ou reconciliação duradouras não são possíveis sem uma base de justiça. A reivindicação da justiça não desaparecerá. A luta pela justiça deve continuar de forma diligente e persistente, embora não violentamente.
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a bondade, e andes humildemente com o teu Deus” Miquéias 6:8
É nisso que nossa posição é baseada.
Nós exigimos justiça. Nada mais podemos fazer. Somente a justiça garante a paz que levará à reconciliação com uma vida de segurança e prosperidade para todos os povos da nossa terra.
Permanecendo do lado da justiça, nos abrimos para o trabalho da paz. E trabalhar pela paz nos torna filhos de Deus.
Sua Beatitude Patriarca Michel Sabbah
Patriarca Latino de Jerusalém
Monsenhor Swerios Malki Mourad
Arcebispo do Patriarcado sírio-ortodoxo de Jerusalém.
Monsenhor Riah Abu El-Assal
Bispo da Igreja Episcopal de Jerusalém e do Oriente Médio
Monsenhor Munib Younan
Bispo da Igreja Evangélica Luterana na Jordânia e na Terra Santa
NATHANIEL BRAIA