(HP 13/07/2007)
“A periodicidade climática tem que ser melhor conhecida para não se cometer o erro de num ano mais seco ou mais quente se dizer que está havendo processo de aquecimento global”, advertiu o professor Aziz Ab’Saber aos parlamentares que fazem parte da Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.
De acordo com o professor, “a primeira razão pela qual eu me preocupei com o assunto foi uma frase que algumas pessoas importantes disseram sobre a questão. Alguns disseram que a Amazônia iria perder a sua floresta, teria uma derruição da sua biodiversidade generalizadamente e que no seu lugar iria invadir o cerrado. Bom, eu me irritei bastante com essa declaração perigosa e passei a fazer as minhas considerações”.
“Bom, aqui chegados, a gente vai ter que falar um pouco de ciência. Vejam os senhores que, entre 22 mil anos atrás até 12 mil aproximadamente, houve o último período glacial na história do planeta Terra. Mas esse período frio teve uma consequência sobre um outro assunto que não é tratado pelos que estão tentando falar sobre aquecimento global que são as correntes marítimas”, alertou.
CORRENTES MARÍTIMAS
Ab’Saber explicou que “quando houve esse período muito frio a corrente que está lá perto das Malvinas foi subindo, o mar descia e a corrente subia e chegou até o norte da Bahia. E corrente fria, em zona entre trópicos, não deixa passar umidade para dentro do continente. O resultado: as caatingas se estenderam e lá na Amazônia o cerrado se estendeu”.
Mas, durante o período conhecido pelos cientistas como Ótimo Climático, ou seja, quando ocorreu uma elevação das temperaturas, pelo contrário, “tinha mais evaporação, mais umidade e a umidade entrou continente adentro. As caatingas tiveram que recuar, sobraram apenas em lajedos ocasionais como os matacões de Salto, a Serra do Jardim lá em Vinhedo e Valinhos”.
O professor Ab‘Saber caracterizou como “desconhecimento das sérias questões relacionadas com os climas” a estória da savanização da Amazônia. “A climatologia do Equador brasileiro, representado pela Amazônia, com uma área de 4 milhões e 200 mil quilômetros quadrados, ela transiciona, a partir do Maranhão para o nordeste seco, a partir do norte de Mato Grosso para o cerrado, a partir do centro do Amazonas para o lavrado na Roraima e se estende bem mais para os países vizinhos. Então eu fico pensando o seguinte: Como é que alguém, em sã consciência, pode dizer: Vai haver a derruição da floresta amazônica como se a floresta fosse um pedacinho. E vai haver a penetração do cerrado. Certamente durante o clima mais frio de 22 mil a 10 mil anos houve diminuição, fragmentação das florestas anteriores e muita extensão do cerrado, mas durante o calor eu posso quase que adiantar aos senhores que não vai haver isso”.
MANIPULAÇÃO
Por outro lado, o professor aponta as incoerências na argumentação dos apologistas do apocalipse climático. Ab’Saber destacou que “esse ano, quando começaram as grandes discussões sobre o aquecimento global, estávamos em pleno verão aqui no Centro sul e muito quente de dia e até a noite. Então eles deram a impressão de que o aquecimento global já estava acontecendo. Mas não conhecem periodicidade climática”. “Euclides da Cunha, nos Sertões, ele conseguiu saber lá dentro das áreas sertanejas quais os anos mais secos e que de 12 em 12, ou 13 em 13 tinha um período muito seco com repiquetes de secas. Então, vejam bem, desde Euclides da Cunha em Os sertões é que se fala da periodicidade climática”, lembrou.
Ainda mais infundada é a história da “elevação dos níveis dos mares”. “Veja bem, alguns autores puseram a seguinte tabelinha: Um milímetro por ano. Então vejam bem, comigo, eu gosto de fazer isso didaticamente com os alunos. 1 milímetro por ano em 10 anos são 10 milímetros, 10 milímetros significa um centímetro, em 50 anos são 5 centímetros, em 100 anos 10 centímetros. 10 centímetros só as marés de Sisija erguem um 1 metro e 20 em Ubatuba. 1 metro e 20 nas regiões costeiras do famoso e notável litoral norte de São Paulo, que tem algumas pessoas que adoram e que estão aqui presentes. Mas vejam bem, aí o outro autor disse: Não, vai ser 34 milímetros por ano, então 34 milímetros vai dar 3,4 cm, depois vai dar 15 centímetros não sei o quê, mas aí já começa com 100 anos, 200 anos vai piorar. E finalmente depois de um ter dito que era 84 milímetros, inventado. Inventado. Outro disse que era 1 centímetro por ano, 1 centímetro por ano significa que em 10 anos é 10 centímetros, em 50 anos, 50 centímetros, em 100 anos um metro. Aí, meu Deus, em 200 anos 2 metros e por isso Ubatuba, por exemplo, o mar invadiria a barra do rio Ubatuba e invadiria o rio Tavares e invadiria o Pereque Açu etc., etc”. “É só assim que a gente pode imaginar as coisas”, concluiu.
MARIANA MOURA