A Procuradoria-Geral da República (PGR) incluiu novos e-mails de Marcelo Odebrecht no inquérito que investiga o senador Renan Calheiros (MDB/AL) e o filho dele, o governador de Alagoas, Renan Filho, por corrupção e lavagem de dinheiro. As mensagens eletrônicas foram entregues pelo empreiteiro à PGR em abril e em setembro deste ano.
A inclusão foi feita porque a PGR considera que os e-mails mostram “atuação concertada” de Renan e de Romero Jucá (MDB/RR) para beneficiar a empreiteira.
O inquérito foi aberto em abril de 2017, após a confissão de ex-executivos da empresa. Eles relataram que a empreiteira fez doações para a campanha de Renan Filho, após discutir com o parlamentar uma atuação favorável aos interesses da empresa no Senado.
Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou que Renan atuou para incluir em medidas provisórias a prorrogação de contratos de concessão de energia, que beneficiavam plantas da empresa em estados do Nordeste até 2015. O pedido de dinheiro aconteceu em 2014, e, em 2015, houve a renovação dos contratos até 2037.
Em um e-mail de 11 de dezembro de 2012, Cláudio Melo Filho relata a Marcelo e a Carlos Fadigas, então presidente da Braskem (braço petroquímico do grupo Odebrecht), uma reunião com o parlamentar, em que se chegou a um primeiro acerto:
“Ontem me reuni com Sen Renan, que incluiu uma emenda de relator e permitiu que Chesf fosse beneficiada até 2015. Vamos tentar ainda incluir possibilidade de renovação nas mesmas bases. Contudo já foi uma vitória!”, diz o e-mail. Os benefícios eram para a Braskem, às custas da Chesf, através da prorrogação de contratos de concessão de energia. Esta prorrogação acabou não ocorrendo.
Em outro e-mail, de outubro de 2014, Marcelo Odebrecht diz que “JW e Renan hoje têm força suficiente para, se quiserem, conseguirem resolver o tema da energia Chesf”. A sigla JW é atribuída ao nome do governador da Bahia à época, Jaques Wagner, do PT.
Na ocasião, tramitava no Congresso a MP 656/2014. No começo de outubro, a emenda 47 havia sido apresentada pelo senador Romero Jucá (MDB/RR), para incluir no texto a renovação dos contratos.
Para a procuradora-geral da República, Raque Dodge, “os novos dados que estão sendo juntados com esta manifestação reforçam que o Grupo Odebrecht buscou o auxílio do Senador Renan Calheiros no tema referente aos contratos de energia das eletrointensivas”.
Dodge também pediu que o inquérito seja prorrogado por mais 60 dias para, entre outras ações, buscar e analisar outros e-mails sobre o assunto.