As explicações dadas até agora por Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado estadual, eleito senador, Flávio Bolsonaro, sobre os depósitos feitos pelo motorista do deputado, Fabrício Queiroz, nas contas dele, Eduardo, e de Michelle Bolsonaro, estão longe de convencer as autoridades que investigam o episódio. Pelo contrário, elas só abrem mais suspeitas de que o motorista não passava de um intermediário financeiro da família.
Agora veio à tona a informação, obtida pela Folha de São Paulo, de que a movimentação financeira de Queiroz era sincronizada. Essa ‘sincronia’ é típica de contas de passagem, cujo real destinatário do valor creditado não é seu titular. Ou seja, num dos episódios, por exemplo, Queiroz fez três saques de R$ 5.000 cada um, totalizando R$ 15 mil; o movimento foi seguido de cinco depósitos em dinheiro vivo feitos em sua conta entre os dias 15 e 17 de fevereiro, que totalizaram R$ 15,3 mil.
Os maiores saques feitos em 2016 por Fabrício Queiroz foram precedidos, geralmente na véspera, de depósito de valores de mesmo patamar. Entre os depósitos feitos por ele, o Coaf identificou R$ 24 mil depositados na conta de Michelle Bolsonaro. Outro “movimento sincronizado também ocorreu em junho, quando nos dias 14 e 15 ele fez dois saques de R$ 5.000, tendo recebido no mesmo período em depósito de dinheiro vivo R$ 13,2 mil.” Todas as datas em que Queiroz recebia recursos coincidiam com os pagamentos recebidos pelos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro.
Queiroz é um policial aposentado, e ex-paraquedista do Exército, contemporâneo de Jair Bolsonaro e de Hamilton Mourão, lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhões entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 na conta do funcionário. A investigação faz parte da Operação “Furna da Onça”, que investiga fraudes na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Dez deputados estaduais estão presos. Segundo o relatório do Coaf, Fabrício Queiroz não tinha renda suficiente para justificar toda essa movimentação.
Nove funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa, fizeram depósitos na conta de Fabrício Queiroz: sua mulher, Márcia Oliveira Aguiar, suas filhas, Nathalia Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz, além de Agostinho Moraes da Silva, Jorge Luís de Souza, Luiza Souza Paes, Raimunda Veras Magalhães, Wellington Rômulo da Silva e Márcia Cristina Nascimento dos Santos. Esses depósitos eram sincronizados. (https://horadopovo.org.br/queiroz-recolhia-de-9-e-depositava-para-a-esposa-de-bolsonaro/)
Sistemas semelhantes a este, em que funcionários, muitas vezes da mesma família, como é o caso de Queiroz, recebem salários e repassam-no para o gabinete, já foram desbaratados e simplesmente revelavam, segundo a polícia, que eram métodos usados para lavagem de dinheiro. A Polícia já descobriu dezenas de esquemas semelhantes. Vejamos três exemplos, um no Rio Grande do Sul, outro em Alagoas e outro em Goiás, de como funcionam esses esquemas e as semelhanças com as movimentações feitas por Queiroz.
Entrevista com Neuromar Gatto, chefe de gabinete do deputado estadual Diógenes Basêgio, revela que funcionários, vários deles fantasmas, devolviam parte do salário ao deputado que os contratou. O deputado estadual Doutor Basêgio é de Passo Fundo, no Rio Grande.
Neuromar: Essas pessoas traziam até o gabinete os valores e entregavam a mim, esse valor… Esses valores. E eu, naturalmente, repassava ao deputado esses valores, como consta em gravações.
Você era o arrecadador?
Neuromar: Exato.
Segundo o colaborador, o próprio deputado controlava quanto cada funcionário tinha que devolver. Uma lista mostra nomes e valores.
Em 2015, o Ministério Público de Alagoas também investigou fraudes que chegaram a R$ 150 milhões durante cinco anos. O ex-presidente da Assembleia era o principal beneficiário.
As fraudes se espalham pelo país. O mesmíssimo esquema foi descoberto em Goiás no mesmo ano, onde existem 2,4 mil cargos de confiança e 41 deputados.
“Sem precisar prestar o expediente, à pessoa, era oferecida a vantagem, dava o nome, era contratada na assembleia e com a obrigação de uma vez no mês, em algum local da cidade, ser devolvido o dinheiro”, afirma Lauro Nogueira, procurador-geral de Justiça de Goiás. “Em algumas assembleias não é necessário sequer apresentar comprovante fiscal da verba indenizatória, que devia ser para indenizar um gasto já efetuado.
Pagamentos de funcionários de março de 2016 coincidiram integralmente com os depósitos feitos na conta de Queiroz
Em dezembro de 2016 até na data do décimo terceiro houve coincidência entre o recebimento e os depósitos na conta de Queiróz
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Ah Bolsonarinho (?) safado
Ele é um dos tais, bam bam bam!!!
“Famoso canalhocrata” já descrito e denunciado pelo Bezerra.
Tá com medo do que seu safado!!! Então para de ameaçar a imprensa
Fico grato a todo jornalista que não de prostituiu com o poder.