Um incêndio de grandes proporções atingiu a Refinaria de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (17). De acordo com os bombeiros o incêndio teve início durante a tarde quando um dos caminhões-tanque que estavam estacionados no pátio da refinaria pegou fogo e atingiu outros oito veículos.
Os bombeiros divulgaram às 15 horas que as chamas foram controladas e que apenas uma pessoa precisou de atendimento por ter inalado fumaça. O controle das chamas demandou uma grande operação com o trabalho de dez quartéis dos bombeiros do Rio.
O incêndio assustou moradores e causou interdição no trânsito da região. Muitos moradores da Favela do Arará, que fica próxima à Refinaria, ficaram assustados com a aproximação das chamas à comunidade. “Muita gente saindo do Arará, geral com medo de pegar fogo também na favela. Fumaça está vindo para cá”, narra um cinegrafista, que gravou e divulgou nas redes sociais a imagens de vários moradores nas ruas, a maioria destes com crianças de colo.
Um trecho da Avenida Brasil, no sentido Centro do Rio, foi fechado assim que o incêndio começou. A Linha Amarela também teve interdições. O trânsito apresenta retenções em Parada de Lucas, Manguinhos e Caju.
MAGRO
Em nota, a Refit, que administra a refinaria, comunicou que o incêndio atingiu a sua área de descarga e recebimento de matéria-prima e que vai apurar as causas do incêndio.
A Refit pertence ao grupo empresarial do advogado Ricardo Magro, que enfrenta dezenas de processos por fraudes de impostos, além de investigações no Ministério Público.
Ricardo Magro, amigo e ex-advogado do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso em Curitiba, tem freqüentado já há algum tempo as pginas policiais dos jornais, por envolvido em denúncias de evasão fiscal à frente da refinaria. Em 2016, Magro chegou a ser preso, após ter sido considerado foragido e ter tido o nome incluído na lista da Interpol.
Magro cumpre prisão domiciliar por causa da Operação Recomeço – mais um desdobramento da operação Lava Jato – que apurou desvios milionários de recursos obtidos dos fundos de pensão Postalis (Correios) e Petros (Petrobrás) com a venda de títulos emitidos pelo Grupo Galileo.
EM outra operação Pausare, Ricardo Magro aparece como sócio do Grupo Canabrava, fundado por Ludovico Giannattasio, que embolsou R$ 190 milhões do Postalis, segundo informações do MPF.
Em maio deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou oito ex-dirigentes da Refinaria de Manguinhos por fraudes tributárias que teriam gerado prejuízos de R$ 35 milhões aos cofres públicos. De acordo com a procuradoria, as fraudes teriam ocorrido entre 2000 e 2001, quando a refinaria tinha entre seus sócios a petroleira hispano-argentina Repsol YPF.
O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Sonegação Fiscal e aos Ilícitos Contra a Ordem Tributária (GAESF) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro em abril deste ano, também denunciou o presidente do conselho de administração e quatro diretores da Refit por crime contra a ordem tributária. Segundo a acusação, em novembro de 2008 a Refinaria de Manguinhos “usou intencionalmente de manobra fiscal para sonegar R$ 23,4 milhões”.
ANTONIO ROSA