A economia brasileira registrou uma espetacular alta de 0,02% em outubro, em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira (17). Ou seja, ZERO.
De janeiro a outubro, houve uma expansão de 1,40% no indicador, sem ajuste sazonal. No acumulado em 12 meses até outubro, aumento de 1,54%, também sem ajuste.
Segundo o Banco Central, o IBC-Br, considerado uma “prévia do Produto Interno Bruto (PIB)” calculado pelo IBGE, foi criado para refletir “a evolução contemporânea da atividade econômica do país e contribuísse para a elaboração da estratégia de política monetária”. Ou seja, para a definição dos juros básicos (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
O cálculo do IBC-Br incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, refletindo, assim, a evolução da economia. Há pelo menos quatros anos está no fundo do poço com a implantação no governo Dilma/Temer de políticas que privilegiam o setor financeiro, em detrimento da produção: juros siderais, redução de investimentos públicos e desnacionalização, além do fiel cumprimento do draconiano acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), assinado ainda na administração tucana, de regime de metas de inflação, superávit primário e juros altos.
Em 2014, o PIB teve ligeira alta de 0,5%, despencando -3,5% em 2015 e -3,6% no ano seguinte. Em 2017, o PIB teve um crescimento de 1,0%, mas com a indústria e serviços ficando em zero por cento.
Para este ano, a última estimativa de analistas do sistema financeiro, publicada no Boletim Focus pelo Banco Central, é de expansão do PIB de 1,3%.
Apesar do cálculo do IBC-Br diferir um pouco do usado para o PIB, os números da produção industrial pesquisados pelo IBGE, por exemplo, têm confirmado o declínio apontado pelo indicador do BC. O IBGE aponta que em outubro a atividade industrial teve uma variação próxima a zero (+0,2%), frente a setembro.
“Mantido o desempenho recente, corre-se o risco de a segunda metade de 2018 ser um semestre perdido para a indústria. Por três meses seguidos, entre julho e setembro, houve contração da produção física e, agora, o IBGE constata uma virtual estagnação no mês de outubro”, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Para o instituto, “devido aos inúmeros efeitos encadeadores que a indústria guarda entre seus próprios setores e com o restante das atividades econômicas, sua perda de dinamismo impõe restrições ao avanço do PIB que não vai muito além de 1%”.
“Se outubro foi um mês bastante fraco para a indústria como um todo, chegou a ser ainda pior para a maioria dos seus parques regionais, como bem mostram os dados divulgados hoje [04/12] pelo IBGE. Ainda que a produção no agregado nacional tenha se mantido praticamente estável frente a setembro (+0,2%), voltou a ficar no vermelho em 60% das localidades pesquisadas”, acrescentou o IEDI.
Entre os resultados negativos ficaram Paraná (-2,5%), Rio Grande do Sul (-2,1%) e o Nordeste (-1,9%).
São Paulo, o maior e mais diversificado parque fabril do país, registrou 0%. “Este desempenho, entretanto, não ilustra com justiça o que a indústria paulista tem passado nos últimos meses. O quadro é pior do que parece”, frisou o IEDI.