Mais de 10 mil pessoas tomaram as ruas de Budapeste, no domingo, contra mudança na lei trabalhista, aprovada dia 12, que permite aos empresários aumentar em 60% as horas extras de seus trabalhadores. Um abuso que levará os húngaros a ter que trabalhar até 400 horas anuais a mais. Além disso, os empregadores poderão pagar as horas extras até 3 anos depois de trabalhadas.
Para sua aprovação, a lei não contou com apoio total do direitista União Cívica Húngara (Fidesz), com dois terços da bancada favorável à escorcha apoiada pelo primeiro- ministro, Viktor Orbán.
O protesto do dia 16 – maior de todos até o momento – foi o quarto em uma semana de atos chamados por partidos de oposição, grupos de estudantes e sindicatos que se levantam não apenas contra o ataque a direitos dos trabalhadores mas contra uma série de abusos do governo de Orbán.
Os manifestantes carregavam bandeiras da Hungria e faixas com mensagens como “Não roube” e “Justiça independente!”, conforme caminhavam pela histórica Praça dos Heróis, rumo ao parlamento.
Com o claro objetivo de barrar a capacidade de reação dos trabalhadores, a lei impõe ainda o corte do poder de negociação dos sindicatos, liberando os patrões a fugirem das negociações coletivas em troca de acordos localizados.
O governo justificou as medidas com a conhecida ladainha de que a flexibilização trabalhista é necessária para satisfazer as necessidades dos investidores e também permitir que os que buscam ganhar mais, trabalhem mais horas.
“Esse governo ignora a nós, trabalhadores”, disse Tamas Szekely, vice-chefe da Associação dos Sindicatos Húngaros, em seu pronunciamento. “Devemos levantar nossas vozes e dar uma resposta”, frisou.
Enquanto se debatia a reforma, na quarta-feira, 12, as ruas próximas se enchiam de manifestantes que, junto com os deputados de oposição, rechaçavam as medidas com vaias e sirenes. Na frente da sede do Fidesz, um grupo de mulheres agitava bandeiras húngaras e dos sindicatos. A multidão também bloqueou a Ponte da Cadeia, um dos símbolos da cidade de Budapeste. A polícia agrediu os manifestantes com gás lacrimogêneo. 34 manifestantes foram presos, no primeiro dia de protestos.
Mas as manifestações não pararam. Na quinta-feira, 13, aconteceu uma segunda mobilização na qual milhares de pessoas também convocadas por sindicatos e estudantes, mais uma vez, tomaram as ruas do centro da capital húngara e, na sexta-feira, a população húngara deixou claro que não aceitaria perder seus direitos e convocou o protesto que tomou as ruas de Budapeste no domingo, 16. No total das manifestações foram presos 65.