A economia da Argentina entrou formalmente em recessão no terceiro trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) contraiu-se 3,5% em relação a igual período do ano passado, o que se soma à queda de 4% interanual do segundo trimestre, informou o Instituto Nacional de Estatística e Censos, INDEC, equivalente ao nosso IBGE. Uma economia é considerada em recessão quando registra dois trimestres consecutivos em queda.
A destruição do Produto ascende a 1,4% interanual para o acumulado dos primeiros nove meses, enquanto que as avaliações oficiais supõem fechar 2018 com um retrocesso de entre 2,4 e 2,6%, sendo que a inflação ficará em 48%, como assinalou o articulista Cristian Carrillo, em artigo no jornal Página 12.
A derrubada do consumo público e privado, do investimento e das importações explicam o péssimo desempenho da atividade econômica entre julho e setembro, período dentro do qual se registrou uma forte desvalorização da moeda e um aumento da taxa de juros de até 73% com a justificativa de conter a corrida cambial. Todos os analistas apontam que a “estagflação” é a situação atual da Argentina.
O governo de Mauricio Macri reforçou os planos de aplicar um forte arrocho fiscal para o ano que vem e contração monetária para chegar ao déficit zero, com o objetivo de garantir ao FMI e investidores multinacionais o pagamento da dívida que assumiu com eles durante 2018, assinando protocolos que entrega ao FMI o controle da economia argentina.
A oferta de bens e serviços, composta pela produção nacional mais as importações que equivalem à capacidade instalada, retraiu 5,1% interanual no terceiro trimestre a preços constantes. O resultado se explica “pela queda de 3,5% do PIB e de 10,2% nas importações de bens e serviços reais”, detalha o informe do INDEC. No trimestre destacam-se as diminuições de 11% na Formação Bruta de Capital Fixo (investimento), de 4,5% do consumo privado, de 5% do consumo público e ainda uma queda de 5,9% das exportações de bens e serviços reais.
A indústria manufatureira, que junto com a construção são as atividades mais golpeadas nos últimos três anos, apresentou uma baixa no terceiro trimestre de 6,6%. Já a construção caiu 0,8% e a atividade do setor serviços (eletricidade, gás e água) cresceu 1,4%.
Como previsível, o desemprego atingiu os 9% no terceiro trimestre, o que indica um aumento de sete décimos em relação com a taxa de 8,3% registrada em igual período do ano anterior, segundo informou INDEC. Por ramo de atividade, em termos de distribuição, surge que a principal variação em pessoas ocupadas se registrou na indústria manufatureira, que passou de 11,5 a 11,1%, perdendo também peso relativo no total da atividade econômica argentina.