(HP 02/08/2017)
Aldemir Bendine, indicado por Lula em 2009 para presidir o Banco do Brasil e, em 2015, alçado à presidência da Petrobrás por Dilma Rousseff, foi preso na última quinta-feira na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. Ele é acusado de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht em 2015. A prisão, inicialmente temporária, mas já convertida, nesta segunda (31), pelo juiz Sérgio Moro, em prisão preventiva – sem data para sair – alcança ainda os irmãos André Gustavo e Antonio Carlos Vieira da Silva, operadores financeiros de Bendine.
Na operação que recebeu o nome de “Cobra” porque esse era o codinome de Bendine nas planilhas do setor de operações estruturadas [propinas] da Odebrecht, Moro decretou também o bloqueio de R$ 3 milhões do ex-executivo. Além dele, os outros dois investigados, e a empresa de ambos, a MP Marketing e Planejamento Institucional e Sistema de Informação LTDA, também tiveram valores bloqueados. O confisco atingiu R$ 3,417 milhões, superando em R$ 417.270,55 o valor determinado inicialmente pelo magistrado.
Quando Bendine assumiu a presidência da Petrobrás, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, informações colhidas em busca e apreensão na 26ª fase da Lava Jato (operação Xepa) e outras provas, optou por pagar R$ 3 milhões ao executivo por medo de que ele prejudicasse a empresa na petroleira. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo setor de propinas da empresa.
A Procuradoria destacou como um dos motivos para as prisões a tentativa de intimidação de um ex-motorista do Banco do Brasil, que depôs em inquérito que investigava irregularidades na gestão de Bendine. Uma anotação manuscrita apreendida na casa do ex-diretor faz referência a uma ligação ao motorista, ao lado da frase “para dissuadi-lo a não depor no MPF”. O motorista, Sebastião Ferreira, disse ao Ministério Público que estava recebendo “muita pressão para não declarar nada”, e afirmou que Bendine chegou a convidá-lo para um encontro em seu apartamento. Ele afirmou não ter ido ao local, com receio de “mutreta”. Segundo ainda a força-tarefa, as mensagens trocadas entre os investigados eram destruídas “a cada 4 minutos para evitar a utilização como prova dos crimes praticados”. “Eles utilizavam também o aplicativo Wickr que, após as conversas que travavam, destruíam as mensagens a cada 30 minutos”.