Passando por cima das declarações de repúdio dos movimentos independentistas da Catalunha, o governo espanhol, sob a liderança do premiê Pedro Sánchez, do PSOE, realizou, na sexta-feira, 21, uma reunião do Conselho de Ministros do Executivo em Barcelona com numerosos enfrentamentos entre centenas de pessoas e agentes policiais na frente e em meio de um clima de revolta. Dezenas de ativistas foram presos nos confrontos reiterados com a polícia e por ter material para fabricação de bombas caseiras. Jornalistas que cobriam os protestos também foram presos. A convivência entre separatistas e não-separatistas estava em um período de calma, mas a explosão de violência nestas manifestações recrudesceu o conflito.
A Catalunha nunca foi uma nação independente, mas tem, há muito, aspectos de autonomia reconhecidos e um governo local conhecido como Generalitat. A região se integrou dentro do reino de Aragão, cuja unificação com Castela, em 1492, deu origem ao nascimento da Espanha. Tem uma língua própria, o Catalão, falado pela maioria da população. A Catalunha sempre foi uma das regiões mais ricas do país e uma das primeiras a conseguir o desenvolvimento industrial. Sua economia soma hoje 19% do PIB da Espanha e seus 7,5 milhões de habitantes representam 12% da população.
O governo espanhol já mostrou que não está disposto a perder sua região mais rica. O presidente da Catalunha, Quim Torra, disse que não vai aceitar imposições sem negociação. “O governo do PSOE não oferece nada em troca e nós não vamos abrir mão de sermos independentes”, afirmou, deixando exposta a tensão
O presidente Pedro Sánchez tentou passar uma suposta “normalidade” em sua visita a Barcelona. Mas não deu. Foi caminhando desde seu hotel até o local onde se fez o encontro ministerial – na Lonja de Mar – e a quantidade se seguranças era inusitada. Para andar no centro de Barcelona só com crachás tramitados dias antes e tudo fechado, comércio, bares e hotéis. Durante toda a sexta-feira as manifestações continuam.