O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), investigado por receber propina da JBS, afastou-se do governo João Doria (PSDB) antes de assumir o cargo de secretário da Casa Civil.
“Achei que, eticamente, seria mais adequado”, disse, neste sábado (29). O anúncio veio após ele ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) em seus endereços, na quarta-feira, dia 19, que resultou na apreensão de R$ 300 mil em dinheiro vivo na sua residência.
A operação da PF fez parte do inquérito que investiga R$ 58 milhões em propina da JBS para ele e seu partido. Na quinta-feira (27), Kassab fez o anúncio surreal de que iria se afastar do cargo antes mesmo de assumir.
O afastamento será “o mais breve possível”, acredita Kassab. “Pedi a ele [Doria] licença para que pudesse, durante um período, afastado com perda de vencimentos, me dedicar à coleta de informações [inaudível] da defesa minha no campo jurídico em relação a alguns inquéritos que tenho e, por isso, achei que, eticamente, seria mais adequado esse comportamento”, afirmou, durante entrevista no evento do Projeto Sirius, em Campinas (SP).
“No período de vacância, quem o governador indicar [é] que ficará como interino”, disse. Doria não fez muita questão que ele permanecesse previamente no cargo e o pedido foi “prontamente atendido”. Não que Doria seja um baluarte da moral e dos bons costumes (por isso mesmo nomeou Kassab), mas começar um governo publicamente todo atrapalhado não é uma coisa boa. Afinal, ele sabia dos percalços de Kassab na Justiça. Já bastou a repercussão negativa de ter nomeado vários quadros de Temer para seu governo.
A Operação contra Kassab foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi deflagrada para comprovar dados das confissões do acordo de colaboração premiada dos executivos da J&F, grupo que controla o frigorífico JBS. Além do apartamento do ministro em São Paulo, a PF também faz buscas em endereços ligados ao irmão dele, Renato Kassab.
Os dois são investigados por corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral (caixa 2). Os repasses ocorreram por meio da assinatura de contratos falsos com simulação de serviços entre empresas do Grupo J&F e firmas indicadas pelo ministro. Uma das empresas que emitiram essas notas é a Yape Consultoria, ligada à família de Kassab.
Conforme a PF, o objetivo da ação foi “investigar o recebimento de vantagens indevidas” por parte de Kassab, entre 2010 a 2016.
Os repasses tinham como objetivo garantir que o político defendesse os interesses da JBS e apoiasse a candidata do PT, Dilma Rousseff, na eleição presidencial de 2014. Kassab foi ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff (PT) e continuou no governo com Michel Temer (MDB) como ministro da Ciência e Tecnologia.
Kassab recebeu mesada de R$ 350 mil mensais quando era prefeito da capital paulista, além de outros pagamentos entre 2010 e 2016, que totalizaram R$ 30 milhões. Outros R$ 28 milhões foram repassados ao diretório nacional do PSD, tendo como contrapartida o apoio à reeleição da petista à presidência.
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Acredito que estes governantes corruptos sejam todos fantoches