O doleiro Bruno Farina já está preso no Rio de Janeiro. Ele desembarcou no sábado (30) no Aeroporto Santos Dumont e ingressou no sistema penitenciário às 19h20.
Farina foi denunciado por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e evasão. Sua prisão é fruto de uma ordem internacional de captura. Ele foi preso na quarta-feira (26) no Paraguai e teve sua extradição autorizada pela Corte Suprema de Justiça paraguaia.
Farina integra o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, foragido que está no Paraguai. Messer é o líder do esquema, que dava suporte financeiro aos membros da organização criminosa.
O “banco” paralelo de Messer atuava ativamente na lavagem dinheiro da corrupção. Ele recolhia os dólares de clientes que queriam transferir a moeda de dentro para fora do Brasil e encontrava outros que queriam entrar com ela no país. As transações aconteciam entre as contas do exterior para o primeiro tipo de cliente, enquanto entregava o dinheiro “vivo” no Brasil para o segundo. É a operação chamada de dólar-cabo.
Um dos clientes da organização era o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, preso e condenado pela Lava Jato. A investigação das remessas de Sérgio Cabral resultou na Operação Câmbio, Desligo, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A operação, deflagrada em maio, desmontou uma rede de corrupção envolvendo 45 doleiros em vários estados brasileiros, entre os quais Farina que estava foragido.
“De fato, agentes públicos corruptos são grandes compradores de dólares, pois recebem reais em espécie no Brasil, fruto de propina, e precisam enviar ao exterior por meio do sistema paralelo acima descrito para suas contas ocultas. SÉRGIO CABRAL é um exemplo dessa tipologia, tendo enviado ao exterior, pelo menos, mais de USD 101.000.000,00 [Cento e um milhões de dólares] pelo sistema de dólar cabo”, diz o MP.
“Na ponta oposta, empresas que necessitam de reais em espécie no Brasil para corromper agentes públicos são grandes vendedoras de dólares. Isto é, como não podem sacar os recursos diretamente de suas contas no Brasil, fazem uso do sistema acima para “gerar” reais em solo nacional. A Odebrecht é o melhor exemplo dessa prática”.
A organização criminosa movimentava U$ 1,6 bilhão a partir de três mil offshores (empresas de fachadas criadas nos chamados paraísos fiscais) em 52 países.
Somente Farina com outros três doleiros movimentaram U$ 22,8 milhões entre 2011 e 2017, afirma documento do Ministério Público Federal (MPF). Delatores relataram que Bruno Farina, ao lado de Augusto Rangel Larrabure, desempenhava um importante papel na movimentação ilegal de dólares.
Ele fazia parte de uma lista de 17 foragidos da Lava Jato, desde que o juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, assinou os seus pedidos de prisão.
P. B.
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