Depois que duas mulheres entraram no santuário hindu de Sabarimala, em Kerala, no sul da Índia, grupos conservadores provocaram confrontos de rua que resultaram na morte de uma pessoa e ao menos 15 feridos, divulgou a polícia, nesta quinta-feira (3).
A Suprema Corte do país revogou em setembro passado a proibição de décadas de que mulheres em idade fértil entrassem no templo de Sabarimala. Até então, mulheres com idades entre 10 e 50 anos eram barradas por serem consideradas impuras.
Nas últimas semanas grupos tradicionalistas já vinham impedindo, às vezes violentamente, a entrada de mulheres no templo.
Na madrugada de quarta-feira duas mulheres com menos de 50 anos entraram pela primeira vez naquele santuário, escoltadas por vários policiais, depois da anulação da proibição de sua entrada.
Tradicionalistas hindus saíram às ruas imediatamente levando a polícia indiana a utilizar gás lacrimogêneo e canhões de água para detê-los.
UNIDADE FEMININA
Na terça-feira (1º), de punhos erguidos, 5 milhões de mulheres indianas iniciaram o ano formando um cordão humano com 620 quilômetros de extensão contra a esdrúxula proibição e em defesa igualdade de direitos. Durante cerca de 15 minutos as indianas mantiveram-se unidas no protesto pacífico que se espalhou pelas ruas e estradas do estado de Kerala.
De acordo com a agência de notícias Efe, que cita uma fonte policial que pediu para não ser identificada, as manifestações violentas da quarta-feira em pelo menos três distritos do estado de Kerala causaram já a morte de um militante do partido hindu BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi.
Em conferência de imprensa, o chefe do governo de Kerala, Pinarayi Vijayan, afirmou que os revoltosos já destruíram sete veículos da polícia, 79 carros particulares e atacaram 39 membros das forças de segurança e de órgãos de comunicação social, principalmente mulheres.
“Há muita violência em todo o estado”, disse Pinarayi Vijayan, defendendo que o governo tem a responsabilidade de implementar a decisão histórica do Supremo Tribunal.
A maioria dos templos hindus não autoriza a entrada de mulheres durante o período menstrual, mas Sabarimala era um dos poucos a proibir a sua entrada entre a puberdade e a menopausa.
O veredicto de setembro foi a mais recente decisão progressista do tribunal. A restrição às mulheres em Sabarimala reflete uma crença – não exclusiva do Hinduísmo – de que mulheres em idade fértil, ou seja, que menstruam, são impuras.
A Suprema Corte deve começar a ouvir a contestação de sua decisão em 22 de janeiro.