A proposta de redução das tarifas de importação de bens de capital, gestada nos últimos dias do governo Temer e defendida com unhas e dentes como medida para os primeiros 100 dias de governo de Paulo Guedes, vai “decretar o fim do setor de máquinas e equipamentos do Brasil”.
A afirmação é da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que exige ser consultada sobre a redução das alíquotas de importação.
“Tudo foi feito na calada da noite, no apagar das luzes”, protestou o presidente executivo da Abimaq, José Velloso. A redução das tarifas vai “decretar o fim do setor de máquinas e equipamentos no Brasil e acabar com 8 mil empresas, que empregam 2 milhões”, argumenta.
Segundo o então ministro da Fazenda Eduardo Guardia, os oito ministros que compõe a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiram de forma unânime – nos últimos dias do ano – reduzir as alíquotas médias de importação de bens de capital, informática e telecomunicações de 14% para 4%.
A proposta deixou as portas abertas para o equipe econômica de Bolsonaro, que deve referendar a medida na próxima reunião do Camex – já sob o comando de Guedes. A decisão, que atinge diretamente o setor nacional de bens de capital, foi tratada como um “ensaio” do programa de abertura econômica de Paulo Guedes e Bolsonaro, que deve incluir cerca de 57 bens e produtos.
“Não acredito que eles vão fazer isso sem falar conosco”, diz o presidente da Abimaq, que espera ser recebido pela equipe econômica de Bolsonaro para tratar de uma agenda que beneficie a indústria nacional.
Reduzir a alíquota sobre esses bens e produtos importados implica na não sobrevivência do setor nacional. A associação do setor avalia que a enxurrada de importações que a redução das tarifas autorizará não será um prejuízo apenas para as indústrias que quebrarão – enquanto o que poderia estar sendo produzido aqui, passa a ser trazido de fora – mas também tem impacto para a soberania, capacidade de produção, de investimento e tecnológico do país.