Madeireiros e posseiros invadiram terras indígenas para extração ilegal de madeira. A invasão começou no dia 30 de dezembro, e os índios da etnia Arara temem que a situação acabe em confronto com os invasores. A reserva tem uma extensão de 271 mil hectares e é cobiçada pelos madeireiros.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a reserva teve sua delimitação e demarcação em 1991, por meio de decreto assinado pelo então presidente Fernando Collor de Melo. Na reserva vivem 298 índios da etnia Araras.
“Segundo os indígenas locais, os invasores não são diretamente madeireiros, porém possuem vínculos com esses grupos. A situação desses indivíduos é, em primeiro lugar, ocupar a terra e, se funcionar, negociar a madeira posteriormente. Não temos como precisar o número de invasores, mas se trata de um número bastante expressivo, vez que estão invadindo uma ampla faixa de terra pelos fundos da terra indígena, limite oeste, pelo igarapé São Pedro e também na parte frontal da terra indígena, que limita com a BR-230. No entanto, não podemos confirmar oficialmente a versão”, informou a FUNAI em nota divulgada pela Folha de São Paulo.
A FUNAI afirmou que já acionou o Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) “sobre o risco que uma invasão desta natureza pode trazer como desdobramento”.
“A FUNAI informa que está monitorando a situação e que já comunicou os órgãos e entidades com poder de polícia para a atuação subseqüente na questão”, disse a entidade.
A reserva é uma das áreas atingidas pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira. Segundo o Ministério Público Federal, já existem pelo menos duas ações na Justiça Federal solicitando criação de sistemas de vigilância para a região para coibir a extração ilegal de madeira.
Para o cacique Léo Xipaia, os invasores estão mais encorajados após a vitória de Jair Bolsonaro nas urnas. “O presidente só vive nos ameaçando, dizendo que vai tomar nossas terras. Isso nos deixa preocupados. Estamos preocupados porque ele mexeu na FUNAI, é o órgão que defende os índios. Como vamos defender a nossa área?”
No primeiro dia de governo, Bolsonaro assinou o decreto 870/2019 transferindo a responsabilidade pela identificação, delimitação, demarcação e registro de terras indígenas ao Ministério da Agricultura.
Para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), “o governo recém-empossado pretende gestar o país a partir de propósitos que visam desqualificar os direitos individuais e coletivos de comunidades e povos tradicionais, atacar lideranças que lutam por direitos, ameaçar e criminalizar defensores e defensoras do meio ambiente, indigenistas, entidades e organizações da sociedade civil, ou seja, todos aqueles que se colocarem contra o projeto de exploração indiscriminada das terras e dos recursos nelas existentes.”.