A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu na quinta-feira (10) ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mais 60 dias de prazo para identificar, entre outras coisas, quem é “Glutão”, que recebeu propina da Odebrecht.
O parecer da procuradora-geral reforça o pedido feito pelo delegado Bernardo Amaral, da Polícia Federal (PF), que solicitou em dezembro a prorrogação das investigações ao ministro Luiz Edson Fachin. (veja mais detalhes aqui: “PF procura “Glutão”, parceiro de Renan e Jucá nas propinas da Odebrecht”).
O senador de codinome “Glutão” recebeu R$ 3 milhões de uma propina de R$ 8,5 milhões dividida com Renan Calheiros (MDB-AL), Romero Jucá, presidente do MDB, Delcídio Amaral (sem partido) e o ex-senador Gim Argello, na aprovação da Resolução do Senado nº 72/2010, que beneficiava a Braskem, braço petroquímico do Grupo Odebrecht. A Resolução foi votada no dia 24 de abril de 2012.
“O completo esclarecimento dos fatos ainda demanda novas diligências e, assim, a continuidade das investigações”, defendeu Raquel Dodge.
“O trabalho policial concentra-se nesse momento na exploração e na análise de todo o material apreendido nos autos da Ação Cautelar 4400, na qual foi deferida a medida de busca e apreensão nos endereços das pessoas físicas e jurídicas mencionadas nos presentes autos”, destacou.
A procuradora-geral lembrou que, desde a última prorrogação do inquérito, o único documento juntado ao processo foi o depoimento do executivo Cláudio Mello Filho. E ressaltou que o depoimento “trouxe importante contribuição (…) uma vez que o colaborador confirmou as conclusões a que chegaram o Ministério Público Federal e a Polícia Judiciária, em relação aos codinomes atribuídos aos parlamentares investigados”.
Cláudio Mello confirmou no depoimento a identidade de quatro políticos, mas disse que não se lembrava quem era “Glutão” e que se comprometia a verificar e prestar esclarecimentos.