Apontado como “amigo particular” de Jair Bolsonaro, o capitão-tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem foi indicado para assumir a gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobrás.
Antes dessa indicação, o militar nunca havia ocupado cargo comissionado na estatal. Porém, no seu currículo constam duas candidaturas malsucedidas a deputado e vereador no Paraná em 2002 e 2016.
Na primeira, tentou se eleger deputado federal pelo Paraná; na segunda disputou uma cadeira de vereador em Curitiba. Em 2016, Bolsonaro gravou um vídeo em que pede votos para o candidato que classificou como “meu amigo particular”: “É um homem, um cidadão que conheço há quase 30 anos. Um homem de respeito, que vai estar à disposição de vocês na Câmara lutando pelos valores familiares. E quem sabe no futuro tendo mais uma opção para nos acompanhar até Brasília”, afirma o atual presidente no vídeo de 2016.
Como na campanha eleitoral Bolsonaro prometeu acabar com o empreguismo e dar preferência para pessoas de perfil técnico, a nomeação repercutiu mal.
Mesmo assim, Bolsonaro usou as redes sociais para debochar da imprensa e defender seu protegido, afirmando que ele tem qualificação para ocupar o cargo. “Peço desculpas à grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo”, ironizou.
Ele disse que a indicação de Nagem significava que “a era do indicado sem capacitação técnica acabou”. Mas essa parte do texto foi apagada logo em seguida.
A nova versão do texto eliminou o trecho que falava de indicados sem capacitação técnica. “A seguir o currículo do novo Gerente Executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, mesmo que muitos não gostem, estamos no caminho certo!”, escreveu na nova publicação.
A Petrobrás confirmou a indicação e afirmou que o nome ainda “será submetido aos procedimentos internos de governança corporativa”. Segundo a estatal, Nagem é graduado em Administração pela Escola Naval e há seis anos atua na área de Segurança Corporativa da Petrobrás. Ele é funcionário da petroleira há 11 anos e atualmente trabalha em Curitiba. A empresa afirma ainda que o indicado possui mestrado em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem dez anos de experiência como professor no ensino superior.
De acordo com o site O Antagonista, o salário dele na empresa passará de R$ 15 mil mensais para mais de R$ 50 mil.