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O governo da Itália frustrou a ação de Jair Bolsonaro para que o italiano Cesare Battisti, preso na noite de sábado (12) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia,viesse para o Brasil para, em seguida, partir para a Itália, onde deverá cumprir sua pena por quatro homicídios cometidos nos anos 70.
Para a maioria dos brasileiros – inclusive nós – se ver livre de Battisti era suficiente. Esse tipo de encenador, supostamente “de esquerda”, que somente serve para reforçar ou dar pretexto à direita – não por acaso o PT mais lulista se sente identificado com ele – tem mais lugar em seu país de origem do que entre nós, e assim entendeu, também, o presidente boliviano Evo Morales.
Porém, Bolsonaro queria um espetáculo de mídia. Ou, para ser exato, uma palhaçada.
Assim, tentou de tudo para fazer com que Battisti saísse do Brasil para a Itália.
No entanto, não foi a polícia daqui, mas a da Bolívia, cujo presidente é Evo Morales, quem prendeu Battisti.
Apesar disso, na manhã de domingo, Bolsonaro foi às redes sociais comemorar a detenção e convocou uma reunião de emergência com os ministros da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
Em seguida, o Itamaraty e a Justiça informaram, em nota conjunta, que estavam “tomando todas as providências necessárias para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas”.
Augusto Heleno, após a reunião com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, garantiu que o italiano passaria pelo Brasil antes de seguir para a Itália. O governo chegou a enviar um avião, a partir de Corumbá (MS), até Santa Cruz, para trazer Battisti ao Brasil. “Em princípio, ele passa pelo Brasil”, disse Heleno.
Porém, a informação foi contrariada horas depois pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conteo. Ele escreveu, em seu perfil no Facebook, que o governo italiano tinha decidido levar o preso diretamente da Bolívia para o seu país e que tinha enviado uma aeronave para buscá-lo em Santa Cruz de La Sierra.
Na segunda-feira, convidado para almoçar com Bolsonaro – e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Sérgio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) – o embaixador da Itália, Antonio Bernardini, não compareceu.
Outro convidado – o embaixador da Bolívia, José Kinn Franco – também não compareceu.
Battisti estava foragido desde o último dia 14 de dezembro, quando Michel Temer assinou o decreto de extradição. Sua prisão havia sido determinada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de dezembro. Ele foi condenado, pela Justiça italiana, à prisão perpétua pelos quatro homicídios.
O italiano desembarcou por volta das 11h30, do horário local, (8h30 em Brasília) da segunda-feira (14), no aeroporto de Ciampino, em Roma. Ele foi entregue às autoridades italianas na tarde de domingo (13), pelas autoridades bolivianas, no aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz.
O preso foi levado para a prisão de Oristano, na Sardenha. Ele iria para Rebibbia, que fica nos arredores da capital italiana, mas o destino foi mudado por questões de segurança, segundo o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede.