A suspensão de importação de frango pela Arábia Saudita, uma retaliação ao governo Bolsonaro, que em diversos momentos têm dito que vai transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, coloca em risco 80 mil empregos diretos e 160 mil indiretos.
A Arábia Saudita é o maior comprador de carne de frango do Brasil e, no dia 22, desabilitou a importação de 33 frigoríficos brasileiros, dos 58 frigoríficos habilitados pelo Ministério da Agricultura para exportar para o país.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), Artur Bueno de Camargo, o impacto da suspensão será desastroso para o setor.
“Uma medida como essa, com certeza causará desemprego. O presidente Bolsonaro vai a Davos para abrir o comércio para o mundo. Porém, na contramão toma decisões como essa que justamente tem efeito contrário. O que é que o Brasil ganha com isso”, questiona Artur.
O sindicalista afirma que o setor de avicultura está receoso com as posições diplomáticas do atual governo e de que reações como a da Arábia Saudita se alastre entre os países árabes.
Para o secretário de Saúde da CNTA, Célio Elias, “o estrago será muito grande”. Ele explica que “cada planta tem entre 1.500 a 2.000 mil trabalhadores, contando ainda com os granjeiros, os produtores de milho para ração, pequenos agricultores, motoristas de caminhão, além do comércio de 35 cidades brasileiras que dependem economicamente desses frigoríficos”, diz.
No dia 22, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o ex-secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países árabes), Amr Moussa, afirmou que a decisão da Arábia Saudita em relação ao frango brasileiro é uma retaliação ao governo Bolsonaro. “O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)”, declarou o diplomata.