Governo podre assalta direitos do povo
Para relator, vai precisar de ministérios, cargos e outros ‘argumentos’ mais
Disse o deputado Rodrigo Maia (Dem-RJ) que só existe um jeito de aprovar o ataque às aposentadorias e pensões, que ele chama de “reforma da Previdência: “numa votação tão difícil como a da reforma da Previdência, a gente precisa que o governo esteja empenhado”, e, depois de encontrar com Temer, repetiu: “de forma nenhuma o governo vai deixar de colaborar com a votação da Previdência”.
Inovando o vocabulário da língua portuguesa, Maia disse que o negócio – ou a solução – se chama “diálogo”. Meirelles, por exemplo, que é um troglodita, não compreende que é preciso mais “diálogo” para “escolher uma data correta para votar a Previdência, uma data onde a gente tenha os votos necessários”.
Realmente, Meirelles só se preocupa com o “diálogo” que agasalha, quer dizer, embolsa, quer dizer… sei lá, leitor.
O fato é que o PT tem o pixuleco, o Maia e o Meirelles têm o “diálogo”.
Já outro Maia – o relator dessa infâmia contra a Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA) – referiu-se ao valor do “diálogo”: “é necessário que o governo realize um gesto político com sua base. Esse gesto político se traduzirá certamente em uma mudança ministerial. Temer certamente saberá conduzir esse assunto para que, a partir dele, possamos, de fato, encaminhar as mudanças de mérito”.
Mudanças de mérito?
Ora, ponderou o segundo Maia, “ao meu ver, como deputado e vice-líder do governo, acho que o presidente deveria seguir este conselho de Rodrigo Maia, e chamar individualmente deputados para negociar pleitos dos partidos”.
“Dos partidos”?
Em suma, ele propõe uma distribuição do “mérito”. Mas com “diálogo”, isto é, com negociações republicanas com cada um dos corrup…, aliás, deputados. Ou, como dizia o grande Stanislaw Ponte Preta, depufedes. Uma convenção de depufedes. Aliás, não. Um a um, com Temer.
Só falta, para tudo dar certo, chamar o Joesley da JBS, velho parceiro de Meirelles (e de Temer, assim como de Lula), para dinamizar as negociações – e os pleitos.
Se o Joesley não puder passar pelas grades para ir ao Planalto (ou ao Jaburu…), Temer pode organizar um convescote na cadeia para todos ouvirem o grande conselheiro e aproveitar sua renomada capacidade política. Sem esquecer de convidar o Gilmar Mendes. Com sorte, e com a ajuda de Deus, é capaz de nenhum deles sair, jamais, de lá. Talvez nem seja preciso sorte.
Essa é a malta que quer esculhambar com as aposentadorias para “cortar privilégios”.
Aliás, leitor, pode existir algo mais nojento, mais vomitivo, do que ouvir um desses bandidos – Temer, Meirelles, Maia – falar que o assalto às aposentadorias é para “cortar privilégios”?
De cada três brasileiros que se aposentam pela Previdência Social, dois têm o salário mínimo por aposentadoria.
66% dos que se aposentam, o fazem pelo critério de idade – hoje, são 10 milhões de brasileiros, recebendo um salário mínimo – porque não conseguem contribuir trinta ou trinta e cinco anos para a Previdência, pois quase todos tiveram que enfrentar longos períodos de procura de emprego.
34% se aposentam pelo critério de tempo de contribuição – são 5,7 milhões de pessoas que recebem, em média, dois salários mínimos (a fonte desses números é o INSS cit. por Anfip, “PEC 287/16 – Reforma da Previdência”).
Esses são os “privilegiados” que Temer, Meirelles, Maia (os dois) querem deixar sem “privilégios”.
O relator dessa tentativa de chacina, deputado Arthur Maia (PPS-BA), diz, por exemplo: “É preciso saber o que, de fato, traz para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) os votos necessários para sua aprovação. Se você disser que retirar o BPC (Benefício de Prestação Continuada) do texto não traz nenhum voto, não tem por que retirar o BPC do texto”.
O BPC é um pagamento de um salário-mínimo para idosos com mais de 65 anos e deficientes com renda familiar menor do que um quarto de salário-mínimo.
Assim são os “privilégios” que o deputado Maia, Meirelles, Temer, o outro Maia, etc., querem cortar. Se der para cortar, por que não cortar? E que morram os idosos, os deficientes e os pobres.
Quem mandou ser honesto e não roubar?
Então, gente honrada tem mais é que se explodir. Justo Veríssimo não é mais uma caricatura. Diante de Temer & quadrilha, é um retrato rigorosamente realista. Com a diferença de que o personagem de Chico Anysio era engraçado – e essa quadrilha é repugnante.
Não existe, por sinal, nada mais repugnante do que essa súcia que quer assaltar as aposentadorias para passar o dinheiro aos bancos, fundos & parasitas que não trabalham, e receber uma propina.
O problema deles é, exatamente, que não querem trabalhar – querem é roubar -, por isso odeiam quem trabalha.
Nisso, essa oligarquia política, apodrecida das entranhas até os cabelos (ou até a careca) é idêntica.
Em janeiro do ano passado, Lula declarou-se a favor da “reforma da Previdência” porque “quando a lei foi criada, se morria com 50 anos. Hoje, a expectativa de vida é de 75 anos”.
Portanto, segundo a concepção de Lula, o trabalhador não deve ter o direito de gozar dos benefícios que o aumento da expectativa de vida (ou da vida média) pode lhe proporcionar. À mais vida deve corresponder mais escravidão. Nada de carta de alforria, nada do trabalhador levar mais tempo gozando a companhia dos netos ou dedicando-se a atividades mais criativas ou menos estafantes que o dia a dia assalariado.
No entanto, Lula afastou-se do trabalho na produção no início dos anos 70 da década passada, quando tinha cerca de 30 anos – e sempre deixou claro que não sentia saudade alguma da fábrica.
Até aí, tudo bem. Foi ser dirigente sindical, e, depois, político.
Mas por que ele, que teve essa trajetória, acha que os outros, por viver mais, devem se aposentar mais tarde – a rigor, e na melhor das hipóteses, quando sua sombra se espraiar sobre a cova que lhe espera?
Temer aposentou-se aos 55 anos, em 1996, depois de 26 anos como esporádico procurador.
No entanto, acha que o trabalhador deve se aposentar aos 72 anos – pois é isso o que resulta de sua proposta, hoje mais bombardeada que a Lua e suas crateras.
Como há pouca gente, mesmo no Congresso atual, que queira aprovar essa estupidez, ele quer, dizem, aprovar um estupro mais “suave”.
Porém, advertem os Maias, o que se precisa é abrir os cofres – cargos, cargos, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro.
E ainda há quem diga que a Lava Jato está descolada dos interesses do povo brasileiro.
CARLOS LOPES
Este final de vida deste governo vai ser sinistro. Imagine o objetivo destes futuros presidiários.