O Conselho de Acompanhamento Financeiro (Coaf), órgão de inteligência responsável pelo combate à lavagem de dinheiro, concluiu que a renda do ex-deputado e, agora, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) é incompatível com sua movimentação bancária. Novo relatório, obtido pela revista “Veja”, revela, em sua edição deste final de semana, movimentações financeiras suspeitas de Flávio entre 1º de agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2018.
Neste período de seis meses analisados agora pelo Coaf, o senador eleito movimentou R$ 632 mil. Foram R$ 337 mil em créditos e R$ 294 mil em débitos. Segundo o órgão de controle financeiro, o valor é incompatível com a renda de Flávio. Segundo um dos trechos do relatório divulgados pela revista, à época, o senador eleito do PSL tinha renda de R$ 27 mil. A renda declarada por Flávio, segundo o órgão, não é compatível com a movimentação financeira registrada no período analisado.
Com o avanço das denúncias do Coaf e das investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Banco Central, decidiu, numa medida que gerou estranheza, implantar uma norma, que está em consulta pública, e que, se aprovada, proibiria o órgão de investigar parentes de políticos. Uma decisão na medida para impedir que a família Bolsonaro ou outras envolvidas em ilicitudes, continuem a serem investigadas.
A alegação do senador de que a maior parte de seus rendimentos vêm das atividades como empresário, segundo o Coaf, não se confirmam. O documento mostra que a maior parte dos créditos na conta de Flávio Bolsonaro, no período analisado, veio da própria Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Em outro trecho inédito do relatório revelado pela revista, o Coaf registrou novos indícios de movimentação suspeita na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Queiroz sacou R$ 190 mil entre 20 de dezembro de 2016 e junho de 2018. A revista afirma que o ex-assessor fez 38 operações diferentes. O Coaf registra que verificou fracionamento nos saques em espécie com cartão de débito, fato que despertou a suspeita de ocultação do destino deste valor e a sua finalidade. O ex-assessor de Flávio é investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão no período de um ano.
Em outro trecho do relatório do Coaf, há também movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. Foram 48 depósitos em espécie na conta do senador eleito, concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa, e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil. No total, R$ 96 mil. O senador alegou que os depósitos faziam parte do pagamento por um imóvel vendido por ele. A TV Globo teve acesso à escritura que desmentiu a alegação. O pagamento tinha sido feita em março e os depósitos foram feitos entre junho e julho.