Uma igreja protestante de Haia encerrou nesta quarta-feira (30) um culto que ocorria de maneira ininterrupta desde outubro, após o governo da Holanda anunciar que irá rever os pedidos de asilo de centenas de crianças, cujas solicitações haviam sido rejeitadas, na maior parte crianças nascidas no país e que sequer falam a língua dos pais, ou conhecem o país de origem deles.
O culto era rezado sem parar há três meses para proteger uma família de armênios, os Tamrazyan, ameaçados de deportação, com os filhos. Pela lei holandesa, é proibido que a polícia faça buscas em um templo durante os serviços religiosos. Milhares de pessoas se revezaram orando na pequena capela ao longo desse período. O último culto ocorreu na quarta-feira (30) às 13:30 h (horário local).
O representante da Igreja Bethel, Teo Hettema, afirmou que o acordo político de terça-feira “oferece agora a famílias como os Tamrazyans uma perspectiva segura na Holanda”. “Estamos incrivelmente gratos por um futuro seguro na Holanda para centenas de famílias de refugiados”, acrescentou. Os fiéis realizaram uma festa pela vitória após o culto.
A família Tamrazyan, que fugiu da Armênia após o pai ter recebido ameaças de morte por suas atividades políticas, está na Holanda há nove anos. Eles buscaram abrigo na igreja depois que as autoridades recusaram o asilo. Diante do desgaste provocado pela perseguição aos refugiados, a coalizão no poder acabou por recuar da deportação sumária, depois de quase rachar sobre a questão.
Conforme o acordo, pelo menos 90% das crianças – 630 de 700 – poderão ficar junto a seus familiares, após reconsideração de seus casos de forma individual. A aliança governamental também decidiu acelerar os procedimentos de avaliação dos pedidos de asilo, que chegam a demorar mais de uma década entre recursos e julgamento.