A 59ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Quinto Ano, prendeu na manhã desta quinta-feira (31) o ex-presidente das empresas do Grupo Estre, Wilson Quintella Filho, e o advogado e ex-executivo do grupo Mauro de Morais.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que nessa operação estão sendo investigados pagamentos de propinas de R$ 22,3 milhões pelo Grupo Estre em contratos de serviços na área ambiental, reabilitação de dutos e construção naval da Transpetro.
São investigados 36 contratos que totalizaram, entre 2008 e 2017, mais de R$ 682 milhões.
As investigações foram deflagradas a partir da colaboração premiada de Sérgio Machado, que foi presidente da Transpetro de 2003 a 2014. Ele foi indicado por Renan Calheiros e a cúpula do então PMDB do Senado.
Sérgio Machado revelou que acertou com Wilson Quintella o pagamento de propinas de pelo menos 1% dos contratos firmados pelo Grupo Estre (Estre Ambiental, Pollydutos e Estaleiro Rio Tietê) com a Transpetro, subsidiária da Petrobrás.
Machado contou que os valores da propina foram pagos por Wilson Quintella e seus emissários em espécie a ele, através do escritório Mauro de Morais Sociedade.
A informação de Sérgio Machado foi confirmada pela Receita Federal após o órgão verificar que o escritório recebeu entre 2011 e 2013 R$ 22,3 milhões do Grupo Estre, sem que efetivamente tenha prestado qualquer serviço.
Como forma de enganar a fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ocorriam saques fracionados nas contas de Mauro Morais após os depósitos serem feitos pelo Grupo Estre. O advogado foi responsável por sacar mais de R$ 9,5 milhões.
A Operação Quinto Ano cumpriu nesta manhã, ao todo, 16 mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária em São Paulo e Araçatuba, no interior do estado. Antônio Kanji, o terceiro alvo de prisão, não foi localizado e é considerado foragido.
Para os procuradores da Lava Jato, o esquema criminoso de Wilson Quintella e seu grupo pode ter agido em outras áreas do sistema Petrobrás. “Após quase cinco anos de Lava Jato, é impressionante que alguns criminosos ainda apostem na impunidade. Há empresas e pessoas com milhões de reais transacionados sem explicação econômica e documental plausível que são alvos desta investigação, que ainda tem muito por avançar. A melhor chance para aqueles que receberam e intermediaram propinas é sair das sombras voluntariamente e colaborar com a Justiça”, indicou o procurador Júlio Noronha.
O ex-presidente da Transpetro revelou que recebeu R$ 2 milhões de propina por ano no período investigado, além de R$ 70 milhões no exterior. De acordo com a Lava Jato, há indícios de que “diversas empresas” pagaram vantagens indevidas de “forma sistêmica”.
“Calcula-se que foram repassados no período mais de uma centena de milhões de reais a agentes políticos”, diz a Lava Jato.
Sérgio Machado decidiu colaborar com a Justiça em maio de 2016, dois anos após renunciar à presidência da Transpetro, acusado de envolvimento no caso de corrupção investigado pela Lava Jato na Petrobrás.
Para sustentar sua delação, ele produziu áudios gravando conversas comprometedoras com políticos do então PMDB que foram seus patrocinadores no cargo que exercia, entre eles Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e outros. Nas conversas, Romero Jucá e Renan são flagrados expondo planos para acabar com a Operação Lava Jato e atacando autoridades responsáveis pelas investigações, como o então juiz Sérgio Moro e o procurador-geral da República, na época, Rodrigo Janot.
Romero Jucá, ministro do Planejamento de Temer, renunciou ao cargo após a divulgação dos seus diálogos com Sérgio Machado, em que afirmou que era necessária uma mudança de governo (na época da gestão Dilma) para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato. Segundo eles, que também eram alvos da operação, Dilma não tinha pulso firme para frear a Lava Jato e era preciso impedir que as investigações fossem adiante.
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