O ministro da Educação (MEC), Ricardo Vélez Rodríguez, voltou a falar na última quarta-feira (30) que a universidade “não é para todos”, mas para “somente algumas pessoas”.
Em um vídeo de 51 segundos publicado no Twitter, Ricardo Vélez Rodríguez tentou responder às criticas que tem sofrido após ter declarado em entrevista ao Valor Econômico, que “a ideia de universidade para todos não existe” e que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”.
“Digo que universidade, do ponto de vista da capacidade, não é para todos. Somente algumas pessoas que têm desejo de estudos superiores e que se habilitam para isso entram na universidade. O que não significa que eu não defenda a democracia na universidade. A universidade tem que ser democrática. Ou seja, todos aqueles que quiserem entrar estarem em pé de igualdade para poder competir pelo ingresso na universidade. Então, a coisa melhor para democratizar a universidade, sabe qual é? Ensino básico de qualidade, onde todo mundo se forma, todo mundo se habilita e todo mundo pode competir em pé de igualdade” disse Vélez Rodríguez.
A mensagem curta deixada na rede social não deixa espaço para esclarecimentos, como por exemplo, se o sistema de cotas – que dá oportunidade para negros, pardos, índios e estudantes de escolas públicas entrarem nas universidades federais – está sob ameaça.
Vélez Rodríguez segue a tática de comunicação do governo Bolsonaro (vulgo “pensamento twitter”) de fazer discursos e textos curtíssimos (de apenas 240 letras), todos sem nenhuma profundidade, para não se atrapalhar, e o uso deliberado de chavões, clichês e jargões para esconder suas intenções e fugir de assuntos que são relevantes à sociedade brasileira.
Todo mundo sabe que a melhoria no ensino básico é a melhor forma de assegurar acesso igualitário ao ensino superior. No entanto, enquanto não se alcança a qualidade tão sonhada por todos, é necessário políticas de incentivo para equilibrar esta balança.
O reitor da Universidade Estadual de Campinas, Marcelo Knobel, ao criticar a postura do ministro, explica que a Unicamp passou a adotar, pela primeira vez, cotas para negros, pardos e indígenas.
“Ampliamos nossas formas de acesso porque acreditamos que as universidades públicas devem procurar uma representação da sociedade dentro delas, além de dar oportunidade para quem não tem, simplesmente porque nasceu em determinado local ou com uma determinada cor da pele”, disse o reitor.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) também criticou Vélez Rodríguez, ao afirmar que o ministro evidencia uma concepção atrasada de educação. A ANDES-SN defende que o “acesso deve ser universal e acompanhado de uma política eficiente de permanência estudantil”.
ANTÔNIO ROSA
Declarações dessa natura é um péssimo prenúncio para educação.
Isso é uma manobra para mais uma vez tirar do povo e enfraquecer aqueles que pouco tem por culpa de um país que ja roubou tudo que podia , somem tudo o que eles dizem que vão economizar tirando das universidades federais e depois veremos se foi aplicado na educação primária como foi falado como ponto de partida para tal decisão.