A Justiça do Acre determinou na sexta-feira (1) que o Secretário da Polícia Civil do estado, Rêmulo Diniz, seja investigado pela Corregedoria da Polícia e pelo Ministério Público. Ele é acusado de ter ligação com a organização criminosa Comando Vermelho. A informação era de que o delegado facilitava as ações dos criminosos no estado.
O nome de Diniz apareceu em uma investigação da Promotoria e da Polícia Civil, iniciada em maio de 2018, que visava desarticular ações criminosas praticadas pelo CV no Acre. Interceptações telefônicas apontaram para supostos crimes de falsidade ideológica em boletins de ocorrência, prevaricação, violação de sigilo profissional, formação de quadrilha, abuso de autoridade e fraude processual.
Com os indícios apontados na investigação, a Polícia Civil pediu que a Corregedoria e o MP investigassem as condutas do delegado. O que não havia ocorrido até a decisão judicial desta sexta-feira, assinada pelo juiz Raimundo Nonato da Costa Maia. O secretário afastado afirma ser inocente, que houve uma orquestração para derrubá-lo do cargo e que nunca foi intimado a depor.
“Em relação ao pleito referente à conduta do delegado de Polícia Civil Rêmulo Diniz, em que pese a autoridade policial que presidiu o respectivo inquérito não tenha se manifestado no sentido do indiciamento do delegado relacionado a prática de crimes, entendemos que, neste momento processual, dada a conclusão das investigações, deve ser autorizado o compartilhamento de provas para apuração dos fatos que entenderem pertinentes”, escreveu o juiz.
No Acre, a Polícia Civil é administrada por secretaria própria, não estando abaixo da Secretaria de Segurança Pública, como costuma ocorrer na maioria dos estados brasileiros.
O CASO
A Polícia Civil localizou uma série de conversas de Rêmulo Diniz com o tenente da PM (Polícia Militar) Josemar Barbosa de Farias, considerado até o fim do ano passado como o número dois na linha hierárquica do Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da corporação acriana.
Josemar Farias, foi preso durante a Operação Sicário, da Polícia Civil do Acre, sob acusação de não só ajudar o CV, mas também por integrar a facção. A ação prendeu 18 pessoas, apreendeu armas e livros de contabilidade do CV no Acre. Ao todo, a operação cumpriu 22 mandados de busca e apreensão e 23 de prisão contra membros de facções criminosas.
O MP e a polícia transcreveram na investigação que mensagens trocadas entre delegados sobre operações que seriam realizadas contra o crime organizado eram passadas por Diniz a Farias, o que, inclusive, colocava em risco a segurança dos policiais que estavam nas ruas.
A investigação apontou que, além de facilitar a ação de membros do CV no Acre, o delegado Rêmulo Diniz agia com a finalidade de “arredondar” ocorrências de crimes militares com invasões de casas, lesões corporais e assassinatos de suspeitos, para que nenhuma das ações feitas por policiais de maneira irregular fossem devidamente apuradas.