O aumento abusivo das tarifas de energia elétrica na Argentina provocou uma reação de peso: 30 prefeitos da Grande Buenos Aires apresentaram nesta semana uma ação de amparo coletivo em defesa dos consumidores. Na avaliação dos prefeitos da área metropolitana da capital, a ação “terá alcance nacional se conquistarmos uma resposta favorável”.
Conforme as associações de consumidores e pequenos e médios empresários que respaldam a iniciativa, é extremamente excludente a política energética implementada pelo governo Macri desde dezembro de 2015. “Os aumentos de tarifas de até 5.960% em três anos não foram para investimentos, nem para melhorar o serviço, mas para ampliar o lucro das empresas, enquanto o preço da eletricidade impossibilita a que várias empresas continuem suas atividades, decaindo a qualidade de vida de muitas pessoas que não podem pagá-la. É isso o que vamos demonstrar com o pedido de proteção: a irracionalidade do aumento, pela colisão com direitos da população. Além disso não foi cumprida nenhuma das previsões com as quais se justificou a declaração de Emergência Energética em fevereiro de 2016”, declarou Mariano Lovelli, do Cepis (Centro de Estudos para a promoção da Igualdade e a Solidaridade).
O aumento tarifário médio das empresas distribuidoras privatizadas Edenor e Edesur, entre dezembro de 2015 e o mês de fevereiro (com o aumento vigente desde o dia 1º), alcança 5.864% para a tarifa residencial de uma família que consome cerca de 350 kwh mensais. Já o reajuste do salário mínimo até dezembro foi de míseros 102%.
Durante este período a média de cortes diárias cresceu, chegando a 132.254 usuários em dezembro de 2018, uma expressiva variação de 59%. Também não se poderá atribuir a quantidade de cortes ao crescente aumento do consumo, já que de acordo com o levantamento do Cepis, “a queda da oferta de energia da distribuidora Edenor foi de 18% e a da Edesur foi de 19%”.
Comparando os resultados informados pelas próprias empresas, foi verificado que entre 2015 e 2018 a Edenor aumentou sua renda por serviços (vendas) em 1.118%, frente a 821% da Edesur nos mesmos três anos. Ao mesmo tempo, o aumento dos resultados operacionais (lucro das vendas menos os custos de produção) da Edenor foi de 223% enquanto o da Edesur foi de 215%.