Suspeita é de lavagem de dinheiro com compra e venda relâmpago de imóveis
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não está sendo investigado apenas por lavagem de dinheiro através de transferências financeiras operadas por seu ex-assessor Fabrício Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. De 2015 a 2017 o montante de reursos operados por ele chegou a R$ 7 milhões. A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu da Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (06), um outro inquérito que investiga o filho de Jair Bolsonaro pela prática de falsidade ideológica eleitoral e também lavagem de dinheiro.
O senador já está sendo investigado pelo Ministério Público do RJ que apura as movimentações atípicas de Queiroz. A informação sobre o envio da nova investigação pela PF foi confirmada pela PGR, que ainda avalia se o caso é de competência do Supremo Tribunal Federal (STF), ou da Justiça Eleitoral do Rio em primeira instância.
Flávio tentou paralizar as investigações conduzidas pelo Ministério Público do Rio e anular as provas obtidas pelo órgaõ, alegando ‘foro privilegiado’. Ele havia sido eleito senador e achou que tinha direito à impunidade. Mas, o STF negou o pedido do parlamentar por considerar que os ilícitos que foram cometidos por ele, se ocorreram, tiveram lugar antes do início do mandato. O STF enviou o processo para a primeira instância, ou seja, para o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Flávio Bolsonaro faltou a depoimentos marcados pelo Ministério Público, repetindo a estratégia adotada por Fabrício Queiroz e seus familiares, todos envolvidos no esquema. Os investigadores suspeitam que havia um esquema criminoso de embolso de parte dos salários dos funcionários do gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro.
Essa investigação que chegou a PGR agora apura se o senador lavou dinheiro também por meio da compra e venda de imóveis. A suspeita surgiu com a declaração à Justiça eleitoral do valor de um apartamento, que estava muito abaixo de seu preço real, de mercado. As investigações indicam um aumento patrimonial acima dos rendimentos auferidos pelo parlamentar. A Polícia Federal investiga a suspeita de enriquecimento ilícito a partir de negociações imobiliárias.
O documento traz informações sobre movimentações financeiras suspeitas de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. Os 48 depósitos em espécie na conta do senador eleito foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil.
O inquérito mira “negociações relâmpagos” de imóveis que, segundo as investigações da Polícia Federal, resultaram no aumento patrimonial estratosférico de Flávio. A investigação corria em sigilo na Justiça do Rio desde março de 2018. As suspeitas são que o senador lavou dinheiro por meio da compra de imóveis e declarou à Justiça Eleitoral o valor de um apartamento abaixo do preço real.
Em nota, Flávio Bolsonaro disse que a denúncia é “desprovida de fundamentação”. Repetindo a ladainha de outros investigados de que está “sendo perseguido”, afirmou ainda que foi feita por um advogado ligado ao PT “com o único intuito de provocar desgaste político aos adversários”. Ao chegar ao Senado, na tarde desta quarta-feira, Flávio repetiu o que disse na nota.
O MPRJ confirmou à reportagem da Rede Globo o arquivamento. Mas, segundo a emissora, a Procuradoria Regional Eleitoral, questionou o arquivamento. Em abril de 2018, o sub-procurador-geral da República, Juliano Baiocchi, reverteu a decisão alegando que “o arquivamento feito nesse estágio se afigura inadequado, realizou-se sem que nenhuma diligência tenha realizada a fim de confirmar os termos da denúncia quanto ao crime de falsidade ideológica eleitoral”.
Após essa decisão, a investigação prosseguiu. A última medida foi tomada pelo procurador regional eleitoral, Sidney Pessoa Madruga, que mandou remeter os autos à Procuradoria-Geral da República (PGR), por causa do foro por prerrogativa de função de Flávio Bolsonaro, eleito senador em 2018. A procuradoria, como dissemos, agora vai decidir se a investigação vai ser remetida ao Supremo Tribunal Federal ou à primeira instância da Justiça. A tendência é que o caso de Flávio Bolsonaro vá para a primeira instância porque as suspeitas são anteriores ao mandato de senador.
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