Com a segunda cúpula Kim-Trump já marcada para acontecer nos dias 27 e 28 no Vietnã, como o próprio presidente dos EUA anunciou durante seu Discurso do Estado da União, já recomeçaram os esforços para sabotar qualquer possibilidade de sucesso e paz na península coreana. Assim, a mídia passou a abanar relatório de um suposto “painel da ONU” ao “Conselho de Segurança”, segundo ao qual “o programa nuclear e de mísseis” da Coreia Popular continua “intacto” e as draconianas sanções foram “ineficazes”.
A escolha do local da cúpula – o Vietnã – é significativa, já que o país, depois de ter lutado uma guerra contra a intervenção norte-americana, hoje em dia mantém relações normais com Washington, apesar de tudo o que ocorreu durante o conflito, enquanto a Coreia vive uma situação de impasse com os EUA desde 1953.
As matérias – da France Presse e da CNN – tentam jogar a opinião pública contra a segunda cúpula, de forma descarada e sem o mínimo rigor nas alegações.
Sequer se fica sabendo o que seria o tal “painel da ONU” – parece mais um daqueles relatórios que a espionagem britânica, ou outro vassalo qualquer, se especializaram em fabricar às pressas atendendo pedidos de alguém da CIA, como feito no Iraque.
Dizer que o programa nuclear e de mísseis continua “intacto” é uma provocação cínica e vazia, já que exatamente o objetivo das negociações é desnuclearizar toda a península coreana – não apenas o “Norte” – e concluir depois de seis décadas um tratado de paz.
O próprio Trump foi claro ao falar diante do Congresso que há “15 meses” não há testes nucleares nem de mísseis na Coreia. Pyongyang jamais prometeu se desarmar unilateralmente e rechaçou declarações de Mike Pompeo e John Bolton sobre o assunto.
O fato de a pressão dos EUA ter arrancado, do Conselho de Segurança da ONU, sanções quase genocidas, não pode impedir que a vítima, a Coreia Popular, use de todos os meios de legítima defesa para manter seu povo alimentado e aquecido no inverno.
É disso que Pyongyang está sendo acusada, de ter adquirido remessas ilegais de produtos petrolíferos – transferidas navio a navio – e vendido carvão para atender à necessidade de divisas para importações básicas.
Rússia e China admitiram essas sanções, como forma de ganhar tempo, quando o quadro estava mais inflamável, para que sua política conjunta de troca de recuos dos dois lados ensejasse a abertura de negociações, o que ocorreu.
E, desde então, Moscou e Pequim têm defendido que é preciso um alívio imediato a tais sanções, o que Washington ainda resiste.
O “relatório” também acusa a Coreia de usar aeroportos e outras instalações para proteger suas armas contra possíveis ataques. País montanhoso, a Coreia Popular tem recursos mais eficientes para proteger suas armas de defesa. Assim, o que se está insuflando é o ataque a instalações civis, sob o pretexto de armas escondidas.
Também é sumamente ridícula a acusação de que Pyongyang “está movendo suas armas nucleares e balísticas para escondê-las de potenciais ataques militares norte-americanos”. O que queriam: que os coreanos pintassem um “X” bem grande e vermelho para facilitar o serviço para os maníacos de guerra imperialistas?
Na versão da CNN, o relatório lhe foi vazado por “um diplomata do CS da ONU”, cujo nome é omitido.
A matéria também reclama que o mundo está cheio de gente disposta a dar uma ajuda aos norte-coreanos e cita “bancos e seguradoras globais”, entre elas a “maior seguradora inglesa”, que estariam fornecendo cobertura para o pagamento das transferências navio a navio, em alto mar, o meio mais eficaz de driblar as sanções.