A anunciada participação de tropas brasileiras, garantida por Araújo aos americanos, sem ouvir a opinião dos militares brasileiros, foi criticada por integrantes das FFAA
Ernesto Araújo, chefe do Itamaraty, por indicação do cidadão norte-americano Olavo de Carvalho, em mais uma atitude bajulatória, saiu de uma reunião, na última terça-feira (05), com Conselheiro de Segurança do governo americano, Jonh Bolton, – a quem Jair Bolsonaro bateu continência quando esteve no Brasil – e anunciou que os militares brasileiros participariam da manobra ‘supostamente humanitária’, coordenada pelos militares americanos em território da Venezuela.
Nesta quinta-feira (07), os militares venezuelanos ergueram uma barreira na ponte internacional de Tienditasfronteira, entre a Colômbia e a Venezuela, e afirmaram que consideram as manobras de forças militares norte-americanas, travestidas de “ajuda humanitária” à Venezuela, como uma invasão de seu território.
A decisão de forçar a entrada do comboio americano foi tomada no mesmo momento em que se iniciam as negociações lideradas pelo México e Uruguai entre o governo e a oposição venezuelana.
A anunciada participação de tropas brasileiras, garantida por Araújo aos americanos, sem ouvir a opinião dos militares brasileiros, foi criticada por integrantes das FFAA. Eles já vêm dizendo que não acham adequado intervir nos problemas internos do país vizinho.
O vice-presidente do Brasil Hamilton Mourão havia mesmo descartado, como já fizera também o general Heleno, qualquer intervenção militar na Venezuela.
A ideia da agressão foi ventilada várias vezes pelo presidente americano, Donald Trump, e os militares brasileiros se preocupam que o chanceler, de pouca capacidade de raciocínio, e de viés ideológico de extrema direita, se inspire em seu ídolo declarado. Araújo publicou um artigo pseudo-acadêmico afirmando ter certeza que “Trump é o Deus do Ocidente”.
“O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países”, ressaltou Mourão, sobre a situação.
Este posicionamento dos militares brasileiros irritou Olavo, o tutor de Araújo, que, mesmo residindo há 14 anos em Richmond, Virgínia, a capital dos confederados – isto é, dos escravistas norte-americanos durante a Guerra Civil americana, se considera com autoridade de dar palpites e apontar o que o Brasil e o governo deve ou não deve fazer.
Incomodado com o freio colocado pelos militares em seu protegido, Olavo de Carvalho saiu a público na segunda-feira (04) para atacar violentamente o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. “Ele é um charlatão desprezível. É a vergonha para as Forças Armadas”, disse Olavo.
Depois das andanças de Araújo que não agradaram as Forças Armadas, alguns setores militares sugeriram uma espécie de intervenção branca no Itamaraty, tutelando os movimentos do chanceler sobre temas considerados sensíveis – a crise na Venezuela à frente. No caso da Venezuela, alguns oficiais chegaram mesmo a sugerir que Ernesto Araújo fosse demitido.
Isso aconteceu logo após outra crise, desta vez com os países Árabes, com a decisão, anunciada por Ernesto Araújo, e secundada por Jair Bolsonaro, de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalem. Os Árabes não aceitam a decisão, pois consideram a cidade também como capital da Palestina. A própria ONU reforça o caráter litigioso do território.
O Brasil é o maior exportador de proteínas animais para esses países. Os Árabes ameaçam com retaliações comerciais se houver mudança na embaixada.
“O Estado brasileiro não está pensando em nenhuma mudança de embaixada”, disse recentemente Hamilton Mourão, na condição de presidente interino, após sair de uma reunião com o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben.
Na mesma direção dos atropelos da política externa foi a declaração sobre a base americana em território brasileiro. Na primeira semana do governo, Jair Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo defenderam a instalação de uma base americana no Brasil, algo que soa como uma ofensa aos militares brasileiros.
O general da reserva Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, buscou reduzir o fato a um mal-entendido por parte da mídia. Mas, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, confirmou e agradeceu a oferta.