O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo pediu pena máxima, de 80 anos de prisão, contra o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de desviar R$ 7 milhões das obras do Rodoanel de São Paulo
A força tarefa da Lava Jato o valor deveria ter sido aplicado na indenização de moradores impactados pelas obras do trecho sul da rodovia e da ampliação da Avenida Jacu Pêssego.
De acordo com a promotoria, Paulo Preto desviou verbas públicas em reassentamentos de moradores para a construção do trecho sul do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista. O valor é de R$ 7,7 milhões e, quando corrigido, ultrapassam os R$ 10 milhões.
A pena pedida pela Promotoria é a máxima. Além dele, outros três réus foram denunciados pelo esquema. Souza é acusado pelos crimes de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.
Nas alegações finais, o MPF também solicitou a condenação de José Geraldo Casas Vilela, ex-chefe do departamento de assentamento da Dersa, pelos mesmos três crimes, e da filha de Paulo Souza, a psicanalista Tatiana Arana de Souza Cremonini, por um dos fatos criminosos apontados na denúncia.
A Promotoria pediu a redução em dois terços da pena de uma funcionária do setor de assentamentos que participava do esquema e decidiu colaborar com a Justiça. Na mesma peça, a procuradoria pediu o perdão judicial para a irmã dessa funcionária da Dersa, que também tinha sido acusada, mas que colaborou com a Justiça.
A denúncia do MPF foi feita após uma investigação iniciada no Ministério Público Estadual de São Paulo. Durante as investigações, a Promotoria da Suíça informou que Souza mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil.
Os documentos suíços revelaram que o dinheiro estava em quatro contas bancárias, abertas em 2007, por uma offshore sediada no Panamá, cujo beneficiário é Paulo Vieira de Souza e que, em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido da Suíça para um banco nas Bahamas.
Souza foi diretor da estatal que administra as rodovias em São Paulo entre 2005 e 2010. Os procuradores pediram a quebra do sigilo bancário dele. A Justiça determinou o bloqueio dos eventuais saldos que existam nas contas dele no exterior.
Paulo Preto foi preso e solto duas vezes no ano passado. Ele voltou a ser preso no dia 30 de maio por representar, segundo o Ministério Público, risco às investigações, em razão de suposta ameaça a testemunhas. Ele foi solto no mesmo dia, novamente pelo ministro Gilmar Mendes.