Já disse a ele [Onyx] que não vou dar. É uma coisa boba, não faz sentido isso”, explicou o presidente da Casa
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito no último dia 1º para presidir a Câmara dos Deputados, negou pedido feito pela equipe do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para que ele liberasse uma sala nas dependências da Casa para que eles pudessem despachar diretamente com os deputados. Maia disse, em entrevista neste domingo ao Estadão, que isso “não faz sentido”.
“O Executivo fica no Executivo e o Legislativo fica no Legislativo. Já disse a ele [Onyx] que não vou dar. Eu vou ligar agora para o Onyx e falar: ‘Põe uma sala aí para o Parlamento que a gente quer ir comandar daí de dentro, discutindo com vocês suas decisões’. É uma coisa boba, não faz sentido isso”, explicou o parlamentar.
Sobre o fato dele ter colocado em dúvida, em entrevista após sua eleição, a capacidade do governo de reunir 308 votos para aprovar emenda constitucional da reforma da Previdência, Maia disse que não sabe se o governo vai conseguir esses votos.
“Sempre me perguntavam se eu achava que ia ter voto ou não. Falei que eu não sei porque é uma forma nova de governar. Não quer dizer que não vai dar certo. Agora, tem de organizar. Até porque o presidente foi eleito, mas o Parlamento também foi eleito”, observou.
Ele falou também da tentativa do Planalto de inteferir na eleição da Câmara. “É. De alguma forma, o Onyx tentou influenciar. Criar uma candidatura que tivesse um alinhamento maior com a questão dos costumes, com ele. Não conseguiu. Mas nunca vi digital do presidente nesse processo. Só dos filhos dele (Bolsonaro) e publicamente”, afirmou Rodrigo Maia.
Ele disse também que ouviu muita reclamação dos líderes sobre a forma como eles foram convidados para uma reunião (pelo WhatsApp). “Porque a política não é uma relação de comando. Quando você convida líderes para uma reunião, você está convidando iguais. Eu só vi o convite, me pareceu minimamente polêmico”, prosseguiu.
Maia rebateu a intenção do governo e do TCU de não ressarcir oe Estados pelas perdas da Lei Kandir, que isenta de impostos estaduais os exportadores. A Lei Kandir é um assunto de interesse dos Estados e o Tribunal de Contas da União ameaça dizer que o governo não precisa mais ressarcir os Estados.
“Se o TCU legislar, vai entrar em guerra com o Congresso. Vamos acabar com o poder do TCU, se eles fizerem uma lambança dessas. Isso não será aceito de forma alguma pelo Legislativo. Eles vão levar um troco grande”, garantiu.