A participação de trabalhadores em greves nos Estados Unidos em 2018 atingiu o ponto mais alto em 32 anos, revelou relatório do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) divulgado sexta-feira (8) em Washington. A parte mais expressiva das paralisações, aponta reportagem de Patrick Martin, foi liderada por professores e funcionários de escolas públicas, particularmente nos estados do Arizona (86 mil), Oklahoma (45 mil) e Virgínia Ocidental (35 mil), somando um total de 485 mil trabalhadores que cruzaram os braços por aumento salarial real e direitos. Esse número de envolvidos foi o maior desde 1986, quando 533.000 participaram de grandes greves ou bloqueios.
O relatório do BLS revela que, além das greves, os trabalhadores realizaram bloqueios de rotas – com pelo menos mil manifestantes – para defender “melhores salários, condições de trabalho, saúde, aposentadoria e benefícios”. Num total de 20 ações de peso, esclarece, oito feitas por professores e funcionários de escolas, maior número desde 2007, quando houve 21 greves ou bloqueios desse porte.
Das principais paralisações, cinco foram feitas por profissionais de saúde em Rhode Island, Vermont e Califórnia; duas por trabalhadores nas telecomunicações; duas por hoteleiros e duas por operários da construção civil.
Na avaliação de Patrik Martin, uma informação digna de nota trazida pelo relatório é a aberta contradição entre o ascenso da determinação da militância, cada vez mais unida e presente nas ruas, e o descenso das direções sindicais – via de regra anestesiada e burocratizada pelo conformismo do Partido Democrata.
Prova disso, ressaltou, é que dos seis conflitos com o maior impacto em termos de dias de trabalho parados em 2018 – 2,8 milhões no total -, apenas um, contra a rede de hotéis Marriott, foi convocado pelos sindicatos. Quatro foram greves de professores “iniciadas apesar das direções”: Virgínia Ocidental (525 mil dias de trabalho perdidos), Arizona (486 mil), Oklahoma (405 mil) e Kentucky (182 mil). O quinto foi o dos funcionários da concessionária na National Grid (156 mil).
Outro exemplo flagrante de “silêncio deliberado” das direções sindicais é a respeito da greve dos 70 mil metalúrgicos de autopeças em Matamoros, México, no outro lado da fronteira de Brownsville, Texas. Apesar dos seus sindicatos – e da repressão policial dos governos local, estadual e nacional -, os metalúrgicos arrancaram substanciais aumentos salariais e bônus na maioria das fábricas de autopeças, servindo de inspiração para trabalhadores de outras categorias na região fronteiriça.