A África do Sul viveu um dia de greve geral, no dia 14, contra o desemprego e as ameaças de privatização com mais demissões em massa. A paralização atendeu a uma convocação da COSATU (a maior das Centrais Sindicais sul-africanas) que reúne 21 sindicatos nacionais incluindo os dos setores de mineração, educação, saúde, confecções, serviços públicos, transporte, hotelaria e indústrias, num total de 1,6 milhão de trabalhadores filiados a seus sindicatos.
“Vamos continuar a fomentar a luta das forças progressistas para derrotar o massacre neoliberal dirigido contra a classe trabalhadora. Vamos trabalhar para intensificar nossa capacidade de lutar contra esta exploração escancarada”, foi o recado da COSATU ao saudar o sucesso da greve.
“As grandes corporações devem saber que os trabalhadores estão perdendo a paciência com a situação do trabalho e exigem mudanças reais já”, acrescenta a Central.
A greve foi acompanhada de concentrações de dezenas de milhares de trabalhadores nas quais os dirigentes sindicais sul-africanos se encontraram com os trabalhadores para denunciar uma taxa de desemprego oficial de 27% e real (desconsiderando os que fazem bicos ou sobrevivem de empregos por tempo parcial como efetivamente empregados) que alcança os 37%, com 10 milhões de trabalhadores oficialmente reconhecidos como na luta para conseguir emprego. Quando se trata dos trabalhadores jovens a taxa oficial de desocupação chega aos 50%.
Além disso, para os empregados, as condições de trabalho são precárias, o nível de acidentes de trabalho é uma das demonstrações disso. Na construção civil, que responde por 12% do PIB do país, a média e de duas vítimas de acidentes por semana.
Os dirigentes da COSATU também exigiram do governo de Cyril Ramaphosa, com um ano à frente da África do Sul, que atue no sentido de promover uma “significativa distribuição de riquezas, elevar os investimentos em programas sociais e os benefícios dos servidores públicos”.
Também integrou o dia de greve, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Educação, Saúde e Similares (NEHAWU, sigla em inglês) que denuncia cortes nos salários, cortes nos recursos para infraestrutura dos serviços públicos e condições deterioradas de trabalho em todas as funções que o sindicato defende no setor público.
Durante o dia de paralisação, o NEHAWU declarou que pretende manter as atividades acadêmicas e escolares paralisadas por tempo indeterminado em toda a África do Sul.
“A greve que começa no dia 14, pela manhã, nos locais de trabalho, se manterá indefinidamente até que todas as demandas sejam atendidas pelo Departamento de Educação Superior e Treinamento”, afirmou o secretário geral do NEHAWU, Zola Saphetha.
A greve nacional também aconteceu em meio a uma paralisação de quarto dias dos eletricitários que trabalham na estatal Eskom que supre 90% da energia elétrica da África do Sul. A greve do setor gerou apagões em diversas partes do país.