Centenas de milhares de pessoas, lideradas pelo presidente regional catalão Quim Torra, se manifestaram no sábado em Barcelona rechaçando o julgamento iniciado nesta semana em Madri contra 12 dirigentes separatistas pela tentativa de secessão em 2017.
Marchando com uma faixa com o lema “Autodeterminação não é crime”, uma multidão de manifestantes, estimada em 500.000 pelos organizadores, lotou o centro de Barcelona pedindo “Liberdade para presos políticos”.
“É muito triste o que está acontecendo. É um julgamento político, cheio de manipulações para condená-los por algo que não é um crime”, afirmou Jesus Rodriguez, presidente de um grupo de ‘castellers’, tradição local de construção de altas torres humanas.
Os dirigentes independentistas realizaram um referendo de autodeterminação em outubro de 2017, marcado pela violência que a polícia perpetrou para impedi-lo, e depois proclamaram uma efêmera república independente. A existência ou não de violência por parte dos independentistas na fracassada tentativa de secessão é o eixo central do julgamento iniciado na terça-feira, 12, no Tribunal Supremo de Madrid. Nove dos presos estão acusados de rebelião e a Promotoria pede para eles entre 16 e 25 anos de cárcere, inclusive para o ex- vice-presidente catalão, Oriol Junqueras.
A Catalunha nunca foi uma nação independente, mas há muito tem um Governo próprio, conhecido como Generalitat. Tem sua língua, o catalão, falada pela maioria da população. A Catalunha sempre foi uma das regiões mais ricas da Espanha e uma das primeiras a conseguir amplo desenvolvimento industrial. Sua economia representa 19% do PIB do país e seus 7,5 milhões de habitantes representam 12% da população espanhola. Aproximadamente metade da população catalã considera que separando-se da Espanha teria melhores condições de vida, mas não se conhecem projetos dos líderes da Generalitat que confirmem essa expectativa.
Os independentistas, que já tinham se manifestado em várias cidades catalãs no dia em que se iniciou o julgamento, anunciaram que pretendem fazer uma greve geral em 21 de fevereiro e uma manifestação em Madri no dia 16 de março.
O processo contra os dirigentes catalães coincide com a convocatória de eleições legislativas antecipadas para 28 de abril, as terceiras desde dezembro de 2015. A medida foi anunciada na sexta-feira última pelo chefe de governo espanhol Pedro Sánchez, dois dias depois de seu projeto de orçamento ser rejeitado no Congresso precisamente pelo voto dos partidos independentistas catalães.