O governador da Califórnia, Gavin Newsom, e o promotor estadual Javier Becerra, em coletiva de imprensa conjunta, anunciaram a decisão de ir à Justiça contra a decretação, pelo regime Trump, de “emergência nacional” para erguer seu muro da xenofobia.
“Trump, nos vemos no tribunal”, afirmou Newson. Através desse expediente, Trump terá US$ 8 bilhões para o muro racista, quando o Congresso só liberara US$ 1,4 bilhão, depois de 35 dias de ‘fechamento’ do governo federal, recorde da história. Outros estados que já confirmaram a ida aos tribunais federais são Novo México, Oregon, Hawai e Minnesota.
Nesta segunda-feira (18), em 26 cidades de 47 estados nos EUA, manifestantes estão repudiando a “emergência nacional fake” de Trump, atendendo à convocatória dos movimentos MoveOn, Credo, Win Without War, United We Dream e Greenpeace.
“A falsa emergência nacional do governo Trump e o ataque às famílias imigrantes é uma ameaça perigosa à nossa democracia. Com a sua ajuda, podemos continuar a desafiá-lo no tribunal em cada turno e garantir que ele não se dê bem com isso”, conclamam os movimentos.
Também a principal entidade norte-americana pela democracia, a União Americana para a Proteção das Liberdades Civis (ACLU), mais a Public Citizen, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e vários promotores estaduais, entre eles, o de Nova Iorque, já rechaçaram a investida de Trump. O Comitê Jurídico da Câmara federal anunciou a abertura de uma investigação sobre a legalidade de tal medida.
Segundo o promotor-geral californiano Becerra, o próprio presidente dos EUA admitiu que a decretação do estado de emergência não era necessária, mas apenas uma forma de suplantar a resistência dos parlamentares. “Estes não são os ataques de 11 de setembro de 2001. Esta não é uma crise de reféns em 1979 no Irã. Esta é uma demonstração de desrespeito pelo estado de direito e pela Constituição dos EUA”.
“Quando o presidente diz que não há necessidade disso, ele confirma que está agindo fora da lei”, apontou o jurista, se referindo à declaração de Trump, nos Jardins da Casa Branca, de que “não precisava fazer isso, mas prefiro fazê-lo muito mais rápido”.
A diretora da ACLU, Cecília Wang, anunciou que a entidade está entrando com uma ação contestando essa ação de Trump “descaradamente ilegal”. “Vamos direto ao ponto: não há emergência” na fronteira, advertiu.
“Membros do Congresso de ambos os partidos, especialistas em segurança e americanos que vivem na fronteira disseram isso. O que o presidente está fazendo é mais uma captura ilegal e perigosa de poder a serviço de sua agenda anti-imigração”, reiterou.
Como era de esperar, o chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Malvaney, saiu em defesa de Trump, asseverando que o presidente “tem esses poderes previstos por lei”. “Ele não agitou uma varinha mágica simplesmente e pegou o dinheiro depois de não conseguir o que queria”, insistiu.
Já Trump disse que estava contando com os trogloditas que nomeou para a Suprema Corte: “teremos um estado de emergência e eles nos processarão. Haverá um veredicto ruim, depois outro, então o caso irá para a Suprema Corte – e aí, espero, tudo será justo”, reproduziu a CNN. Principal bandeira de campanha de Trump, o muro da vergonha volta ao centro de sua campanha à reeleição no ano que vem. Conforme cartazes oposicionistas, a “única emergência na fronteira é o ódio de Trump”.