O ministro do Exterior da Venezuela, Jorge Arreaza, encontrou-se, em Caracas, no dia 20, com os representantes dos países que conformam o Grupo Internacional de Contato promovido pela União Europeia e Uruguai. O Grupo está integrado por 8 países da União Europeia, que são França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia e Inglaterra e 5 da América Latina, Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai.
O Grupo Internacional de Contato foi criado no Encontro de Montevidéu, em 7 de fevereiro, quando os países acima atenderam a um chamado do Uruguai e México, ao qual se somaram 15 países do grupo Caricom (Comunidade do Caribe), realizando uma conferência onde a proposta era buscar formas de mediação para uma saída negociada para a crise política e econômica que atravessa a Venezuela.
Enquanto México, Uruguai e Caricom apresentaram a proposta de 4 etapas de negociações entre o governo (presidido por Nicolás Maduro) e a oposição (que tem no presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, seu principal representante, agora autoproclamando presidente interino). A proposta dos latino-americanos e caribenhos presentes ao encontro não estabelecia pré-condições às negociações para não interferir nas decisões soberanas do povo venezuelano.
Já os europeus, à exceção da Itália, já haviam se posicionado por eleições presidenciais antecipadas e reconhecido a interinidade de Guaidó.
Apesar das diferenças, que impediram uma declaração conjunta dos países presentes, foi formado no encontro – que teve a participação do presidente uruguaio, Tabaré Vazquez e a representante da UE para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini – o Grupo de Contato Internacional, com a participação de todos os países presentes e proposto a ambos os lados que recebessem o Grupo para desenvolver um processo de negociações.
Só agora, a três dias da provocativa “ajuda humanitária”, que visa fazer entrar – em desrespeito ao governo da Venezuela – através das fronteiras da Colômbia e do Brasil, mantimentos para os venezuelanos em dificuldades para a obtenção de alimentos e medicamentos, de forma coordenada entre os Estados Unidos e Juan Guaidó e seus adeptos, é que Arreaza se dispôs a receber os representantes do Grupo de Contato na sede da Vice-Presidência, em Caracas.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, afirmou que a reunião desta quarta-feira “busca o diálogo em defesa da paz e da soberania”.
“O diálogo, com respeito à soberania por parte da Comunidade Internacional é o único caminho”, assegurou a vice-presidente em entrevista coletiva após o encontro.
Delcy assinalou ainda: “Seguiremos trabalhando incansavelmente na Diplomacia Bolivariana de Paz. O povo venezuelano está trabalhando em mobilização pacífica em defesa da democracia. Não há outra via, o trabalho e a paz”.
Ela condenou “um grupo de países que se quer fazer hegemônico pela via da força” e concluiu, com um pensamento que entendo exageradamente otimista, que “os Estados Unidos fracassaram em sua tentativa de golpe de Estado na Venezuela. Isto foi desarticulado”.
Em informações divulgadas pela Agência France Press, o ministro do Exterior da Venezuela, Arreaza, está programando para sexta-feira, dia 22, um encontro com chanceleres de 46 países na sede da ONU. A expectativa do ministro é que do encontro saia uma carta assinada pelos 46 países, contra a intervenção estrangeira, dirigida ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
NATHANIEL BRAIA