Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em várias regiões da Argentina, na terça-feira, 26, contra medidas de arrocho, aumentos desmedidos dos serviços – os chamados tarifaços -, exigindo trabalho, produção e soberania, e que seja declarada a emergência energética, suspendendo os aumentos abusivos de tarifas. Só no último ano, as contas de luz subiram 100% em valores acima da inflação e se prevê mais 50% de aumento para este ano.
Na capital, Buenos Aires, aconteceu a principal e maior das mobilizações. Uma enorme coluna liderada pelos líderes da Associação de Trabalhadores do Estado, ATE; da Confederação Argentina de Trabalhadores do Transporte (CATT); além de 32 sindicatos filiados à Confederação Geral do Trabalho, CGT, e que integram a Federação Marítima Portuária e da Industria Naval da República Argentina (Fempinra); da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular e da organização de moradores Barrios de Pé, após a concentração na Entidade Nacional Reguladora da Eletricidade (ENRE), se dirigiu para o Congresso Nacional onde ocorreu o ato principal.
“Estamos profundamente orgulhosos porque esta jornada aqui, na cidade de Buenos Aires, se reproduz com mobilizações em todo o país. Estamos confluindo as organizações sociais, as da Central de Trabalhadores Argentinos, CTA, e dezenas de organizações da CGT encabeçadas pelo companheiro Schmid. Este é o bloco dos que estão dispostos a brigar para conseguir derrubar o neoliberalismo que quer acabar com a nossa Pátria”, assinalou o secretário geral da ATE, Hugo Godoy. “Este bloco luta, se multiplica e está criando condições para que a unidade seja uma força que se organize nas ruas, mas também com a capacidade de construir propostas alternativas”, frisou.
Godoy destacou a necessidade de se redefinir o sistema energético no país. “As empresas transnacionais se apropriaram de bens de nosso povo como são a energia e a água. O povo deve ter acesso pleno a eles e vamos defender este direito até as últimas consequências”, assegurou.
Ricardo Peidro, secretário geral da CTA disse: “Hoje estamos aqui, os que temos resistido e mobilizado contra o modelo social e econômico deste governo. Estamos aqui porque queremos ir a uma greve nacional, mas não ficamos sentados esperando que outros o façam, o fazemos mobilizados, organizando-nos nos bairros para construir o poder popular, para reverter esta situação”.
“Há condições para parar o país em defesa dos nossos direitos conquistados. Este é o nosso lado, o dos trabalhadores, o dos que sofrem, o dos que não têm o pão para levar à sua família”, disse Juan Carlos Schmid, que encabeça a Fempinra.
Claudia Baigorria, secretária geral adjunta da Federação Nacional de Docentes Universitários, e da CTA, informou que os sindicatos universitários irão à greve em unidade com todos os níveis da educação, nos dias 5 e 6 de março.
Na província de Rio Negro, Héctor González, secretário-geral do Sindicato Regional de Luz e Força da Patagônia, denunciou a situação energética no sul do país: “Na Patagônia Austral o impacto é sofrido mais profundamente, e o que se decide em Buenos Aires nos bate mais forte em todas as províncias”. Nessa situação crítica, exigiu “uma política federal energética” que deixe de lado “as receitas de ajuste constante aos serviços básicos de eletricidade que golpeiam empresas, famílias e toda a economia”.
O objetivo das mobilizações é que as casas dos deputados e dos senadores discutam e aprovem medidas que congelem os aumentos, como as que foram aprovadas no ano passado e o governo vetou poucas horas depois.