A primeira plenária sindical da Intersetorial de Trabalhadores da Venezuela (ITV) deste ano, que reuniu 150 representantes de entidades sindicais regionais e nacionais, aprovou um plano de lutas que inclui greves setoriais desembocando em greves gerais nacionais.
A ITV, que foi lançada em 14 de novembro de 2018 e levou uma multidão às ruas de Caracas, no dia 28 do mesmo mês, exigindo o fim dos “salários de fome”, aprovou nesta primeira plenária que a plataforma de lutas se dá sob as palavras de ordem de “Fora Maduro”, “Não queremos sair do país” e “Eleições Livres”.
Estiveram presentes eletricitários, metroviários de Caracas, trabalhadores de telefonia, dos transportes, enfermeiros, universitários, entre outros setores.
Os debates foram abertos por Pablo Zambrano, presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde, que declarou: “Hoje temos que nos unir. Selar um pacto de bases cidadãs para condenar um Governo que nos tem levado à fome e à miséria”.
Keta Stephani, presidente da Federação de Professores Universitários da Venezuela, destacou que ¨a desconfiança e o temor pareciam fazer parte de um processo de adaptação das grandes maiorias. Isto está mudando com o protesto social protagonizado principalmente pelos trabalhadores e setores populares”.
“Apesar das diferenças, os diversos atores da ITV estão conseguindo impulsionar uma agenda e métodos de luta que animam um grande setor da população a sair às ruas e a reconstruir a confiança na mobilização”, acrescentou a líder dos docentes.
Eduardo Sanchez, da Federação de Trabalhadores Universitários (FTU), destacou a “unidade fraterna, solidária e de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras venezuelanos no marco deste plano de batalha contra a violação dos contratos coletivos, em defesa da Constituição e da Lei”.
Entre os que dirigiram os trabalhos da plenária estiveram o presidente da União Nacional,
Orlando Chirino, e o professor Armando Guerra que tem sido um dos porta-vozes da ITV.
Foi aprovado um cronograma de lutas
O plano de lutas inclui protestos escalonados e greves por setor em direção a duas greves nacionais: a primeira de 24 horas e a segunda de 48 horas.
Ao apoiar a proposta, Eduardo Sánchez, destacou que a ITV deve zelar pela pluralidade e a democracia para que todas as vertentes do sindicalismo venezuelano estejam representadas de forma a que seja definida uma unidade do movimento sindical onde “nossas exigências diante deste governo e do que venha serão as mesmas: que sejam liberados os trabalhadores presos, que sejam readmitidos os trabalhadores demitidos injustamente em meio à crise e um salário que garanta uma sobrevivência digna”.
Solidariedade aos indígenas pemones
Vários dos trabalhadores que se pronunciaram na plenária fizeram referência à repressão dos indígenas pemones que prossegue no sul do país e que deixou um saldo de vítimas ainda não totalmente contabilizado. Já é certo que pelo menos 4 foram assassinados e dezenas se encontram feridos ao tempo em que muitas lideranças seguem perseguidas de forma criminosa.