Informe apresentado, dia 28, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU denuncia “crimes de guerra de lesa-humanidade e violações das leis humanitárias internacionais” por parte de Israel na fronteira com a Faixa de Gaza.
O informe, apresentado em Genebra, aponta que foram mortos – de 30 de março a 31 de dezembro de 2018 – 189 palestinos a tiros de fuzil partindo de atiradores postados pelas forças armadas de Israel na fronteira com Gaza. O número de feridos a bala também mostra a ferocidade com que foram tratados os participantes das manifestações denominadas de “Grande Marcha do Retorno” que acontecem todas as sextas-feiras: 6.100.
O informe da ONU declara que os atiradores militares israelenses miraram propositalmente crianças, jornalistas e médicos, enfermeiros e socorristas.
A Marcha se dá em protesto contra o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, em repúdio à premiação da ocupação israelense sobre Jerusalém por parte de Trump ao transferir a embaixada norte-americana de Tel Aviv para a cidade cuja parte árabe foi ilegalmente anexada por Israel e também exige que os palestinos, expulsos durante a limpeza étnica ocorrida quando da implantação do Estado de Israel, possam – como mandam as Resoluções 194, 169 e 237 da ONU – retornar a seus lares e aldeias usurpados em 1948.
As manifestações prosseguem até os dias de hoje a despeito do impiedoso massacre. Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, ao menos 17 palestinos foram feridos por forças da ocupação israelense, no mais recente dos protestos em Gaza. Além dos manifestantes, dos quais 9 foram feridos por munição real, foram feridos dois enfermeiros e um jornalista, segundo informa o palestino Ministério da Saúde em Gaza.
Vídeos filmados pelos próprios soldados que participam da chacina os mostram comemorando quando suas balas acertam crianças palestinas. O que está neste link, mostra soldados israelenses preparando-se para matar um garoto palestino: “A cerca está atrapalhando”, diz um soldado a outro enquanto mira manifestantes do outro lado da fronteira, enquanto usa um rifle com mira telescópica. Logo a seguir, ele acerta um tiro e festeja aos gritos. Seu comparsa, igualmente celebrando diz ter filmado: “Um vídeo histórico”, festeja. https://www.youtube.com/watch?v=ysbldSpYcXE
O informe deixou o regime israelense enfurecido e o ministro do Exterior, Yisrael Katz, sem contestar os seus termos, argumentou que “Israel tem o direito de se defender, assim como defender seus cidadãos e fronteiras”. Como se atirar em manifestantes desarmados fosse algum tipo de “defesa”. Em resumo, o que o ministro do Exterior daquele regime declara é que Israel tem, por obrigação, que atirar em crianças.
NATHANIEL BRAIA