José Ricardo Nogueira Breghirolli, ex-executivo da empreiteira OAS, informou, em depoimento a procuradores da Lava Jato, que a empreiteira mantinha esquema de ‘caixa 3’ em campanhas eleitorais. A OAS usava fornecedoras para burlar os limites impostos pela legislação. Os laranjas eram empresas de engenharia menores que atuavam em suas obras em áreas como terraplenagem e instalações hidráulicas.
Em outro depoimento, Ramilton Machado Lima Junior, disse que na eleição de 2014, realizada já sob o efeito da Lava Jato, havia grande dificuldade de recursos e o então vice-presidente da OAS, César Mata Pires Filho, herdeiro do grupo, “determinou que fosse feito o máximo possível em geração de caixa dois para doação com bônus de terceiro”.
Entre essas candidaturas beneficiadas pelo esquema, de 12 partidos, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, há nomes de expressão nacional, como o atual ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), que recebeu doação de R$ 50 mil da empresa Arcoenge em 2010, o hoje prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), e os ex-governadores Sérgio Cabral (MDB) e Tarso Genro (PT).
José Ricardo Nogueira Breghirolli, outro ex-executivo da OAS, diz que naquela época a demanda por recursos de caixa dois era crescente e que a alternativa, apelidada de “bônus eleitorais de terceiros”, foi gestada em 2010. A construtora orientou fornecedoras de suas obras a fazer doações oficiais nas campanhas de 2010 e 2014, à época legalizadas, para partidos ou candidaturas de seu interesse e compensava esses valores com contratos superfaturados em suas construções.
Nas contas partidárias do PSC (Partido Social Cristão) em 2013, constam contribuições de três das firmas mencionadas nos depoimentos da delação, que totalizam R$ 750 mil. São elas: Terraplenagem Modolo, Kingstone Construtora e Bertini Comércio. A Modolo foi incluída na lista de credores da OAS em processo de recuperação judicial e, em seu site, afirma que participou de projetos da empreiteira no aeroporto de Guarulhos e no Rodoanel, ambos em São Paulo. Todos os envolvidos negam as acusações.
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