O presidente executivo da Alphabet, que controla o Google, Eric Schmidt, anunciou que o monopólio de internet que dirige está trabalhando na modificação de seus algoritmos de busca para esconder os artigos dos portais de notícia RT e Sputnik. “Estamos trabalhando na detecção e descomposição desses tipos de sites – é basicamente RT e Sputnik”, revelou durante um fórum internacional sobre segurança nas redes em Halifax, no Canadá. Antes a Google havia tirado a RT da lista de prediletas do YouTube.
“Estamos experimentando engenharia de sistemas para evitar [que o conteúdo chegue a um público amplo]”, acrescentou o capo do Google. Sobre esse reforço na censura às notícias que divirjam da mídia pró-W.Street&Pentágono, Schmidt cinicamente acrescentou que “não queremos proibir os sites – não é assim que operamos” (só impedimos que alguém os acesse…).
Em abril, a Google já havia modificado seu algoritmo do Google News para ocultar o que é dito por sites progressistas e anti-guerra, bem como blogs que critiquem o império, a especulação e o racismo, provocando notável queda no retorno das buscas desses sites. Ao que tudo indica, estão decididos a enveredar ainda mais fundo na violação da livre expressão garantida pela Primeira Emenda à constituição dos EUA, usando como pretexto as “fake news” e a russofobia. Aliás, haverá alguma fake news mais falsa do que o endosso do New York Times e CNN às mentiras de W. Bush contra Sadam e o Iraque? Quem é useiro e vezeiro em fake news?
Na semana passada, a RT foi forçada ao absurdo registro como “agente estrangeiro” pelo Departamento de Justiça dos EUA, sob pena de prisão de seus funcionários e confisco de bens. A Reston Translator, empresa de radiodifusão que arrenda seu tempo de antena ao Sputnik, também foi forçada a fazer o mesmo. A RT também sofreu perseguição por parte do Facebook e Twitter.
De acordo com o Mercury News, o procurador-geral do Missouri, Josh Hawley, anunciou que abriu uma investigação sobre se a Google estava violando leis antitruste e de defesa do consumidor do estado. A investigação, assinalou, é sobre como a Google gerencia os dados pessoais dos usuários, bem como as práticas de desviar conteúdo de rivais e pressionar os sites dos competidores em resultados de pesquisa.
Em abril, uma matéria de opinião no NYT, de autoria de Jonathan Taplin, ex-diretor da Escola de Inovação Annemberg da USC, questionou: ““É hora de quebrar o Google?”. Conforme Taplin, em breve “teremos que decidir se o Google, o Facebook e a Amazon são tipos de monopólios naturais que precisam ser regulamentados”. Ele é autor do livro: “Mova-se Rápido e Quebre Coisas: Como o Google, o Facebook e a Amazon arruínam a cultura e comprometem a democracia”. A censura do Google à livre expressão, enquanto finge ser apenas, “um mecanismo de busca” na rede, vai rapidamente jogar mais lenha nessa fogueira.
A.P.
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