Em protesto contra a extinção da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), povos indígenas realizaram atos em diversas cidades do país, na manhã desta segunda-feira (25). Os manifestantes rechaçam a proposta de municipalização dos serviços de saúde oferecidos às comunidades indígenas.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou no último dia 20 mudanças na estrutura do Ministério que impactarão diretamente as comunidades indígenas. A proposta pretende acabar com à SESAI e incorporar os serviços destinados às aldeias a uma nova Secretaria Nacional de Atenção Primária.
No Paraná, cerca de 200 indígenas ocuparam a BR-163, na altura do quilômetro 350, em Guairá. A manifestação interditou a ponte Ayrton Senna, sobre o rio Paraná, que liga as cidades de Guaíra e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul. Os manifestantes reivindicam a presença de jornalistas e do prefeito de Guaíra para iniciar um diálogo sobre a questão.
Já na cidade de Porto Velho, Rondônia, 52 povos indígenas reuniram-se em frente ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), no início da manhã.
Segundo Aurélio Tenhari, assessor do DSEI, “a partir do momento que municipalizar a saúde indígena ela vai trazer genocídio aos povos indígenas”, uma vez que o município não terá condições para garantir os serviços. “Vai ter gente morrendo”, completou Aurélio.
Já em fevereiro representantes das etnias Tapirapé e Carajá, povos que vivem no Mato Grosso e Tocantins , respectivamente, criticavam a proposta em reunião com o subprocurador-geral da República, Antônio Carlos Bigonha, com a coordenadoria da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF) e parlamentares ligados a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A questão apontada por eles é sobre as condições que faltam ao município para garantir o atendimento às comunidades indígenas. Atualmente os serviços são mantidos por recursos federais a partir de profissionais e recursos específicos.
A principal unidade de saúde em Brasília vinculada à SESAI sofre com a falta de recursos desde que Mandetta assumiu a frente dos trabalhos no Ministério da Saúde. A unidade, que é responsável, dentre outros serviços, por realizar o tratamento de crianças com câncer, não tem recursos para garantir a alimentação nem o pagamento dos salários dos funcionários.
Sem alternativa, o abrigo começou a mandar os pacientes de volta para suas comunidades. Os trabalhos só não foram totalmente paralisados, pois os funcionários continuaram a trabalhar mesmo com atraso nos salários.
“Temos pacientes que estão correndo risco de morte. A comida vai acabar a qualquer hora. Temos crianças que passam por tratamento oncológico e não podem sair de Brasília. Agora estamos removendo os pacientes e familiares, devolvendo para as aldeias e tentando achar outros hospitais”, disse Yssô Truká, presidente do CONDISI (Conselho Distrital de Saúde Indígena) de Pernambuco.