O presidente do Zimbábue renunciou, dia 21, após uma alentada resistência a abandonar seu posto apesar de instado a fazê-lo por parte da junta militar que comandou um avanço de forças aquarteladas para as ruas e para o cerco à residência de Robert Mugabe, herói da luta pela independência do país e pelo fim da legislação de apartheid similar à imposta na vizinha África do Sul.
Desde o dia 14, que Mugabe resistiu ao cerco e negando-se a aceitar a destituição a partir de um golpe militar.
No sábado, dia 18, o presidente, após acordo com os militares, foi à televisão e fez um pronunciamento à Nação no qual, apesar de todo o anunciado pela mídia, não falou em renúncia, mas nas medidas que urgem ser tomadas para aprofundar o combate à crise econômica.
Ao admitir dificuldades econômicas advindas do bloqueio e sanções impostas de fora, ou seja, pelos Estados Unidos e Inglaterra, ao contrário de aliados às forças que pretendiam destituí-lo, em especial o seu ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa, que colocam as esperanças no Banco Mundial e “em melhores relações com o FMI”, ou do comandante da organização Veteranos da Luta de Libertação do Zimbábue, Christopher Mutsvangwa, que afirmou que o caminho é “tornar o Zimbábue amigável ao investimento estrangeiro”, Mugabe afirmou o rumo de confianças nas próprias forças do povo, na “adesão aos princípios que nortearam a libertação”, na “unidade do partido”, destacando que a divisão, que serve aos inimigos da nação, “está se transladando para os problemas de desempenho econômico”.
O portal sul-africano News24 informa que o ministro da Educação Superior, Jonathan Moyo, mais 50 dirigentes do partido da libertação do Zimbábue, Zanu-PF, juízes, parlamentares e ministros estão no exílio e condenam a ação de destituição do presidente.
A carta de Mugabe admitindo a renúncia, chegou ao presidente da Câmara de Deputados no momento em que as duas casas parlamentares do Zimbábue iniciavam debate sobre a proposta de impeachment entregue pela senadora Mônica Mutsvangwa, esposa do citado acima, Cristopher, que pede um país “amigável” ao mercado. O comandante previu o desfecho do processo de impeachment diante do clima criado no país e buscou uma saída honrosa.