Esta matéria traz a continuação dos debates realizados dia 11 em Caracas com a presença de destacadas lideranças intelectuais e de organizações partidárias e movimentos sociais, sob o tema, “Seminário para uma nova alternativa política, um balanço crítico do processo bolivariano” que apontaram para a construção de uma frente que resgate os valores revolucionários que nortearam a revolução bolivariana. Conforme os organizadores, a rica herança anti-imperialista e desenvolvimentista deixada pelo presidente Hugo Chávez vêm sendo “manchada pelo governo de Nicolás Maduro”, “políticamente autoritário e economicamente reacionário”. Nesta segunda parte temos a participação da vice-presidente de Estudos Econômicos, de Planificacão e diretora do Banco Industrial da Venezuela, vice-ministra de Financiamento e Comercialização do Ministério da Economia Popular durante o governo Chávez, a professora Oly Millán Campos.
Oly Millán Campos elevou o tom contra a oposição de direita e contra Maduro. De acordo com Oly, por uma lado existe “uma oposição desmoralizada, com uma direção deslegitimada e corrompida, que não tem nada a oferecer ao povo venezuelano” e, por outro, “temos um governo que em seu afã por se manter no poder teve que sacrificar boa parte do que haviam sido as referências do processo bolivariano e do modelo contido na Constituição vigente, deslizando cada vez mais para um regime autoritário”.
Para o historiador e ensaísta Jesús Puerta, “é essencial o relançamento do projeto bolivariano de integração latino-americana e a mobilização de amplas massas populares numa nova cultura política anti-imperialista”. Mas para que este seja efetivo é extremamente importante a conformação de um leque de forças venezuelanas para barrar “a entrega dos ativos minerais do país às transnacionais, para tirar do poder a roubalheira”. As “Zonas Econômicas Especiais” e os “planos de exploração do Arco Mineiro do Orinoco”, avalia, “nada mais são do que uma explícita subordinação do governo a seus novos donos: o capital transnacional chinês e russo que, associado com os norte-americanos e europeus, se dispuseram a chupar o que resta do país a um ritmo tal que até a Constituição de 1999 se atravessou no seu caminho e a mandaram matar”.
Segundo o sociólogo e professor da Universidade Central da Venezuela (UCV) Edgardo Lander, o legado do chavismo está muito presente nos corações e nas mentes do povo, “pois se produziram elevados graus de politização, significativas transformações na cultura política popular, no tecido social e organizado, assim como nas condições materiais de vida dos setores populares anteriormente excluídos”. “Se geraram amplamente sentidos de dignidade e inclusão e de capacidade de incidir, tanto sobre a própria vida, como sobre o destino do país”, declarou Lander, para quem é este legado o que impulsiona agora a construção de uma opção para tirar a Venezuela da crise e retomar um projeto soberano de nação.
Organizado pela Fundação Centro de Estudos da Realidade Latino-americana, o evento contou, entre outros, com a participação de integrantes da Plataforma em Defesa da Constituição e da Plataforma de luta contra o decreto do Arco Mineiro do Orinoco.